Independência

Existem momentos na vida, que as inquietações do coração parecem pulsar e sacolejar com mais veemência dentro do peito. As indagações, encruzilhadas, questionamentos e dúvidas se tornam mais latentes e perceptíveis.

E uma vontade quase incontrolável de se evadir de tudo aquilo que nos rodeia, ganha mais dimensão e volume. Há dias que acordamos assim: insatisfeitos e possuídos por uma sensação de que algo nos falta, mesmo não sabendo exatamente o que é. Um vazio se forma na alma, nada mais parece fazer sentido, até mesmo o sopro poético do vento.

Diante disso, percebemos então, que nossas mãos antes livres para tocar em tudo que a vida nos oferece, agora estão algemadas, presas. E os sonhos que alimentamos durante anos, paulatinamente vão adormecendo e nenhuma razão ou motivo pode nos fazer acreditar em suas realizações.

Dessa forma, queremos independência, queremos nos esquivar a qualquer custo da rotina nada estimulante que nos cerca. Desejamos gritar em alto e bom com aquele chefe ranzinza e perturbador. Sonhamos em colocar um ponto final num relacionamento sucumbido pela falta de respeito e amor.

Pensamos em independência. Quem nunca se imaginou numa manhã de segunda – feira, permanecer dormindo até a hora que quisesse sem se preocupar com o mundo e seus acontecimentos? Quem nunca almejou em determinado momento, arrumar as malas, tomar a chave do carro e viajar sem destino algum pelas estradas que atravessam o país? Quem nunca quis deixar a casa dos pais para ter a liberdade de ir e vir

Independência, até que ponto realmente podemos ser independentes? Será que podemos ser livres em nossa total proporção? Seriam os nossos pensamentos e convicções literalmente autônomos? Será que absolutamente nada é capaz de nos dominar?

No final, somos todos dependentes, mesmo que seja nas minúcias da vida. Somos todos dependentes de amor, somos todos dependentes de paixão, somos todos dependentes de amizade, atenção, carinho e cuidados.

Se, até mesmo após D Pedro ter decretado a independência do Brasil, nosso país continuou dependente economicamente de outros países. Imagine nós, humanos. Seres pincelados com a tintura da emoção e modulados pela nossa imensurável complexidade.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 06/10/2012
Código do texto: T3919043
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