Impossível não viver do passado!

Muitos estufam o peito e dizem: - Quem gosta de passado é museu! Os mais poéticos citam frases que tem um forte impacto nas pessoas “ Ontem é passado, hoje é presente e é por isso que tem esse nome presente” É gratificante mesmo nos cinquentas e alguns anos trazer à baila os momentos que marcaram profundamente minha profícua existência, quero e desejo mais anos de vida porém nosso criador sabe melhor de nós! As boas lembranças são como combustível para inflamar o ego e deixar a mente viajar um pouco.

Na pequenina cidade de Indiaporã Estado de São Paulo, décadas de 60 e 70, pobre de marre de si, mas havia uma alegria em viver, No pátio escolar as deliciosas sopas de trigo, bolachas e leite com chocolate preparados pelas merendeiras, hinos escolares cantados pelos coleguinhas” De manhã já bem cedinho pego o lápis vou escrever...” broncas dos diretores, as professoras severas, reguadas na cabeça, final das aulas era aquela correria para jogar “biroca” jogo de mata-mata e banca era os melhores. Cada época tínhamos um brinquedo diferente. Papagaio, pião, arquinho, pega-pega. Nas tardes finais de semanas íamos aos “córregos” refrescar quando a fome apertava o estômago passávamos nos pastos e recolhíamos cocos que os animais regurgitavam e quebrávamos nas pedras e saciávamos a fome. Em todas as épocas tínhamos frutas: Angá, gabiroba, mangas, jenipapos etc.

A cidade nessa época era poeirenta, caminhões pipas molhavam as ruas e nós os moleque corríamos atrás cheirando o forte cheiro de terra molhada e aproveitávamos para refrescar.

Hoje ao lembrar como conseguíamos mistura sinto um aperto no coração! Íamos aos córregos e amassávamos saibro um barro branco, fazíamos bolinhas e colocava para secar. Quando secas caçávamos passarinhos nos matos. Inhambus e codornas eram os preferidos, também armávamos arapucas para prender os pássaros maiores como pombos do mato. Eram carnes deliciosas.

A velha caixa de engraxar, os pedidos aos fregueses: - Quer engraxar? Os trocados recebidos, os picolés de abacaxi, limão, creme, e os maços de cigarros que muitos males já me trouxeram. Já aos oito anos ia as roças de algodão, debaixo de um sol escaldante e sofria com os mosquitos que chupavam o sangue sem parar.

Como não viver de passado se os capítulos da história registram momentos magníficos? As privações não macularam o viver feliz, foram partes de aprendizagem, nosso velho e bom mestre o tempo muito nos ensina, erros cometidos no passado, hoje são cobrados com juros e dividendos. Não podemos voltar ao passado, porém podemos fazer dele um aliado para nutrir nossas mentes de boas lembranças.

“Viva” Machado de Assis com suas citações: - Os adjetivos passam, os substantivos ficam!