A FÉ QUE MUDA (AOS POUCOS) A TODOS NÓS

Numa tarde em que o sol vai, aos poucos, encaminhando-se para o poente, eu volto o meu pensar para os desígnios de Deus – coisa que venho fazendo bastante nos últimos tempos, movido pelos exemplos que Ele tem me mostrado. Confesso que já não sinto ganância pelos bens materiais, apesar de gostar de ter o meu conforto e ser consciente de que a maioria desses bens depende, justamente, do acúmulo de capital.

Tenho tido experiências fantásticas – minhas e conhecimento de outras de alguns amigos – de como Deus age em nossas vidas, nos dizendo o porquê de nossa existência e de como devemos conduzi-la de maneira que, em nos realizando profissionalmente, passemos, também, à realização plena do espírito. Porém, em alguns casos, essas realizações têm um preço muito alto, embora não venha dEle a cobrança ou o castigo, mas do nosso livre-arbítrio e, também – por que não dizer –, da falta da fé que nos move. Se tivéssemos fé, não faríamos o que normalmente fazemos com nosso espírito, bloqueando-o para Deus e, principalmente, nunca acharíamos que estamos livres das tentações do mundo material.

Lembro-me, perfeitamente, da minha adolescência maluca (e metade, infelizmente, da maturidade), regada a bebidas e cigarros e de como os porres se sucediam não acreditando, pois, que aquilo tudo pudesse trazer sequelas. Era jovem. Nada podia fazer mal a um jovem. Nem mesmo a falta de fé.

Nas noitadas e brincadeiras, eu sempre tive alguns amigos bons de copo. Emanoel, um deles. Tibério, outro. Com Emanoel, as tardes no bar do pai de seu Edson e no bar de Elpídio – os dois no bairro Boa Vista – eram sagradas enquanto que as noites no “dance” de “Pajeú” eram regadas a porres de copos cheios de cachaça pura. Bebíamos feito esponjas. Brigávamos quase na mesma proporção. O cigarro industrializado nos acompanhou até outro dia. Felizmente, deixamos a tempo. Outro dia, num evento lá no SESI, eu me encontrei com a esposa de Emanoel. Faz tempo que não o vejo. Ela me falou que ele tinha parado de fumar e de beber. Hoje em dia, serve à igreja de seu bairro. É Ministro da Eucaristia e o “faz tudo” da igreja. Segundo ela, todas as manhãs, ele desperta e a primeira coisa que faz é agradecer pela vida ao Divino Espírito Santo. Depois, juntamente com ela, leem o Evangelho do dia e, em seguida, fazem uma reflexão sobre o mesmo. É... Emanoel lembrou-me a passagem em que Ele diz: não vim aqui para ser servido, mas para servir a todos vocês. Acredito que você está fazendo, justamente, isso. Faça. Faz bem e Ele abençoa. Quem conheceu Emanoel jamais acreditaria nisso. Mas, quem também já passou por isso, louva a Deus por saber da conversão do mesmo.

E conversão, neste caso, não é só a questão religiosa – como muitos fazem e se tornam fanáticos seguidores de uma religião ou seita, bradando, aos quatro cantos, “estou salvo”, mas, e principalmente, a mudança ocorrida no ser humano, com moderação e sabedoria. No caso de Emanoel, alguns fatores o levaram a isto. Dolorosos, eu sei, mas que serviram para despertar, no homem, a presença de Deus e o verdadeiro sentido de viver.

Uma vez, já tendo me aquietado um pouco, eu me lembrei de Tibério. Resolvi que iria convidá-lo para fazer parte de um grupo de casais que se reúne em nome de Cristo. Levei, na “cara”, ao sol do meio-dia (ele de dentro do carro e eu pelo lado de fora), o nome de “manicaca” e outros adjetivos tão comuns de serem ditos quando estamos querendo mostrar a nossa confiança, controle e soberania. Só que esquecemos de que uma má palavra, dada em momento inoportuno, os anjos dizem amém. Disseram. Dois anos mais tarde, eu estava no mesmo lugar em que o vi passar e pedi para ele parar a fim de lhe fazer o convite. Desta vez foi ele quem parou, sem precisar ser chamado. Com a cara mais sublime do mundo, disse-me que tinha aceitado o convite, feito por outro amigo, para participar do grupo de casais de sua paróquia. Hoje, ele juntamente com a esposa são católicos praticantes; inclusive, já tendo feito parte de equipe dirigente da igreja e de estarem engajados nos serviços que ela presta aos seus paroquianos. Que bom, meu amigo! Louvo a Deus por lhe enviar um outro amigo para que você, ao lado de sua esposa, possa desfrutar das maravilhas de ser um seguidor dEle.

Eu, particularmente, diante da minha pouca fé, já fiz muita coisa, diria, propositalmente contra o que chamamos de os mandamentos de Deus. Duvidar, por exemplo, foi um deles. Recebi, em contrapartida, a prova de que estava errado. Doeu, mas hoje em dia eu sou grato por Ele ter me dado a oportunidade de poder levar – através do meu exemplo –, aos casais, a Sua Palavra e o verdadeiro sentido de viver.

Sei que o dia a dia, a correria da vida moderna, a falta de tempo e, consequentemente a sobrecarga de trabalho – que nos fazem chegar, ao final deste dia, fatigados e sem disposição para mais nada – nos impedem, na maioria das vezes, de encontrarmos o caminho (ou a porta) da Sua casa, mas, eu lhes garanto que cinco minutos dentro dela é o melhor revigorante de forças que já pude experimentar. Aliem isso a um pouco de fé (mesmo que ela seja menor que a semente de uma mostarda) e verão que a disposição – traduzida aqui na paz – passará a fazer parte de sua rotina, sem ser preciso desculpas para não ter que ir, por exemplo, aos domingos, demonstrar a sua fé e render graças ao Nosso Pai.

Ah! Quero dizer que, nesta tarde que se vai e na qual as lembranças são constantes imagens em minha mente, eu sorrio para a vida – sem deixar de vivê-la – e agradeço pelas bênçãos alcançadas, pelas conversões daqueles que são histórias vivas em minha caminhada, principalmente, os meus filhos, dentre eles, o Pedro. Homem de fé, de desapego material e de conversão pura. Com ele tenho aprendido. Com ele eu sei que muitos irão aprender... Louvado seja o nome de Jesus Cristo!


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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 07/10/2012
Reeditado em 20/03/2019
Código do texto: T3920660
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