No túnel do tempo

No tempo em que as emissoras de televisão ainda transmitiam suas programações em preto e branco, costumava assistir alguns seriados extremamente futuristas para os anos em que vivia. Porém, eram filmes curiosos, atraentes e impressionantes para uma criança que, como tantas outras, se encanta com histórias fabulosas e mirabolantes.

Entre os muitos filmes pelos quais eu era apaixonado, havia um denominado “O Túnel do Tempo”, onde um grupo de cientistas travava uma luta, por vezes inglória, para tentar trazer de volta para o presente dois membros da equipe que viajavam pelo tempo, invariavelmente estacionados em algum lugar do passado.

A equipe trabalhava em um laboratório aparentemente simples para cumprir com os propósitos desejados, dados os parcos recursos existentes e dada a tímida evolução tecnológica da época. O cenário não justificava em nada tamanha ficção na qual eles lutavam dia após dia para corrigir um incidente que transformou os dois cientistas em ciganos no tempo.

Mas quem disse que ficção precisa ser justificada? Apesar de nada daquilo que eu estava vendo fosse verdade, ainda hoje me pego pensando em quantas façanhas maravilhosas o ser humano foi capaz de realizar a despeito da ausência das facilidades que o futuro que vivemos nos proporcionou.

Fico pensando em como os Beatles e o próprio Elvis, só para citar alguns exemplos da música, conseguiram revolucionar o mundo com suas guitarras, baterias, equipamentos de iluminação e de som, que foram, praticamente, os protótipos do que hoje temos de melhor.

Fico pensando como o homem conseguiu dar seus primeiros passos sobre a Lua, quando com todo o conhecimento que dispomos no presente, continuamos apenas orbitando em torno do nosso pequeno e pálido ponto azul.

Fico pensando nas dificuldades porque passaram grandes escritores ao utilizar uma simples pena ou máquinas de datilografar obsoletas, mas que nem por isso mesmo deixaram de escrever seus nomes na história.

Tudo isso me leva a crer, ainda, que os grandes impulsionadores de uma empreitada bem sucedida não estão necessariamente ligados aos recursos materiais disponíveis para o momento.

Franklin Roosevelt estava certo quando disse: “faça o que puder, com o que você tiver e onde você estiver”. De outra forma, a humanidade não teria avançado e a trilha na mata fechada não teria sido aberta para tantas gerações que vieram depois.

Mano Kleber
Enviado por Mano Kleber em 16/10/2012
Reeditado em 25/10/2012
Código do texto: T3936112
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