Revolution 9

Esta manhã, eu pesquisei sobre uma nadadora que morreu em 1988,na precoce idade de 25 anos. Será que alguém lembra de Renata Agondi, que morreu tentando atravessar o Canal da Mancha? Eu li que ela escrevia diários e sempre dava a eles o título de Revolution 9, por ser fã dos Beatles. Era seu desejo que, após sua morte, transformassem seus diários em livros e, segundo ela, eles não eram muito importantes, mas eram bacanas e contavam uma história, uma vida. Será que não eram importantes mesmo?Segundo ela,mesmo a vida mais insignificante merecia ser conhecida. Mas eu penso que sua vida não foi insignificante. Ela morreu fazendo o que amava fazer: nadar. Segundo os registros, morreu exaurida, vencida pela hipotermia. Posso dizer que, como uma guerreira, morreu lutando, tentando superar os limites do seu corpo, o cansaço e o frio extremo.

Com certeza, ela não esperava morrer tão jovem e pretendia vencer muitos desafios mas, nunca se sabe o que a vida nos reserva. Tudo é um mistério.Pouca coisa sabemos e morreremos ignorando muito mais do que imaginamos mas, com certeza, de uma coisa Renata sabia: que nascera para nadar. Embora tivesse bom desempenho em piscinas, era nas águas abertas que ela se encontrava, sentia-se realizada e feliz. Era uma mulher determinada, dedicada ao esporte, que amava o que fazia. Essas não são qualidades de uma pessoa insignificante e discordo do que ela disse a respeito dos seus diários não serem importantes. Em seus diários, deviam estar registrados seu amor pela natação, as confidências do seu espírito intenso e sua busca permanente pela superação.

Que os que lerem o livro Revolution 9, que é uma coletânea publicada dos seus diários, possam se sentir inspirados por sua determinação e seu amor à vida.