Prazo de validade, “vencido” (!?)

Olhei para uma foto minha tirada com um grupinho amigo lá no alto do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro no ano de 1945.

A Segunda Grande Guerra estava acabando então. Eu nos meus 23 anos, loira de olhos verdes, uns quilinhos acima do peso ideal, alegre e confiante na minha vida, “de olho” num companheirinho de viagem e vibrando com todos os conhecimentos que eu estava adquirindo. As belezas do Cosme Velho, do Corcovado, da Cinelândia, da Lapa, do bondinho do aqueduto, de Copacabana, do Leblon, ai, o Lido, ai, o Leme, Botafogo, bah! Quantas recordações.

Mas a vida continuava e eu sempre atrás de mais conhecimentos, Brasília, Ouro Preto, interior do RS, Floripa, São Paulo, Curitiba, Bahia, Pernambuco numa viagem de janeiro a março de navio. Um Ita que escapou de ser afundado durante a guerra me levou de Porto Alegre, com mais quatro colegas, até Recife onde eu pulei e dancei o Frevo no Carnaval. E no Rio me meti num “Bloco de Sujos” que passava na avenida, pulei e cantei com eles por uma boa meia-hora, ou mais. Minhas amigas me acompanhando, mas só na calçada, não souberam da alegria que não viveram. É verdade que sem beber água e sem comer, num calor de 40 graus, claro que desmaiei nos capins da Cinelândia. Duas das companheiras eram professoras de Educação Física, me atenderam logo. Lembro que me deram duas colheres de sopa de água e mais tarde num restaurante, um pouco de uma canja rala. No outro dia estava nova outra vez.

O curso de inglês que fiz na Fundação Getúlio Vargas no verão de 1956 foi um deslumbre e depois, eu já com 80 anos, para comemorar, me matriculei como aluna ouvinte no curso de Filosofia na UFSC em Floripa, de 1999 a 2003... e eu já com o prazo de validade vencido. Mas vencido para quem? Para mim é que não. Continuo “fervendo” dentro dos limites dos meus 90 anos. Mas a bem da verdade, cuidando para não ficar embolorada.

Não é o máximo? Eu, hein!