AVENIDA BRASIL: TELEVISÃO

Análise informal (e parcial) em Sociologia da Cultura:

O dia em que houver cheiros nas telenovelas tipo ‘Avenida Brasil,’ não teriam vez no IBOPE pelo fedor. Seriam anti-higiênicas com mensagem negativa de anti profilaxia. Na hora, o INSS mandaria encerrar a TV Globo ou outro canal de TV, com o mesmo conteúdo novelístico, por atentado à saúde pública no Brasil. Por outro lado, contextos contra a moral e éticas públicas deixaram de ser atentados psicológicos na TêVê.

Em nome de um realismo informativo e democrático (discutível) passa tudinho deseducando os menos protegidos do impacto da agressão visual e verbal, tipo 'bullying' mais ou menos sutil.

Os vícios de vários tipos de consumismo e comportamentos são incutidos e desenvolvidos nos cidadãos e cidadãs via TV, maior meio de comunicação visual.

Definir o incorreto do correto para muitos será difícil. Quase tudo será válido pois a ‘caixinha que mudou o mundo’ – a televisão – mostrou está mostrado. Falou, está falado. Passa a ser norma-padrão.

Na (tele) novela ‘Avenida Brasil’ são paradigmáticas, por exemplo, as cenas de um Jorginho caindo de porre, dormindo no lixão e acordando no dia seguinte fedendo de suor (imaginamos), impregnado de cheiro lixeiro, bafo da onça, e sem um bom banho bem duchado e boca lavada. Mesmo assim cai nos braços da noiva, a Débora, filha de Verônica e Cadinho, moça chique lavadinha e perfumada da ‘elite carioca’ em busca de Jorginho no maior lixão do Rio de janeiro, e um dos maiores do mundo.

Arf…amor assim sem limite, não dá…tem dó!

São cenas que insultam um pouco a inteligência humana em certos detalhes omitidos. Seriam importantes numa mensagem profilática e didática, descodificada, a dar ao público mais distraído.

A personagem de Jorginho, do lixão quer ir direto para os treinos do time de futebol sem banho nem descanso. Num Brasil tropical e em particular Rio de Janeiro úmido e pegajoso, personagens tresandando a suor, e outros odores desagradáveis que nem do Nilo (pai do Max e reizinho do lixão) – e nesse contexto, que audiências teriam certas novelas?

Imaginem se houvesse cheiro saindo do vosso televisor tresandando a odores de lixões e suores de intimidades sem higiene prévia? Brrrr…eu heim!?…eheheheh.

Morou cara!? Vivemos na contemporaneidade do pós-moderno iniciado em 1960. Nem o céu é o limite em termos de avanços culturais e tecnológicos. O importante mesmo 'Saúde É O Que Interessa. O Resto Não Tem Pressa' - como diz a personagem Paulo Cintura da escolinha do barulho da TV Record, da concorrência (da TV Globo).

Óbvio que o guião de ‘Avenida Brasil’ da Globo traz também, em contraste, alguns cheiros agradáveis do quarto da sinhá Carminha, de incensos queimados pela ‘doméstica’ Nina (Rita). Ela, que busca vingança pela morte do pai e de sua desgraça de infância, devido à dupla Max-Carminha, refugiados em casa do babaca do Tufão, de família ruidosa.

No entanto, e lá mesmo no fundo, a coisa boa da novela por cima dos maus-cheiros implícitos e mais frequentes, são a quebra de preconceitos e de tabus fruto de décadas e décadas de estereotipias erradas, herdadas de conceitos coloniais baseados em concepções europeias de superior e inferior do século 19 (1800-1899), em relação a tudo que é tropical.

Quiçá, o fantasma oitocentista do pqp do francês Gobineau difundindo o preconceito anti brasileiríssimo…e pior no Brasil de hoje! Como pode alguém aceitar isso em 2012?

A novela ‘Avenida Brasil’ com humor derruba também preconceitos de discriminação etária de que pessoa mais velha está ‘morta’ para a vida ativa sem capacidade de emoções sexuais e afetivas e incapaz de amor carnal. Nada mais errado. A personagem de Leleco, pai de Tufão, demonstra com a surra que deu ao jovem marginal, ex-namorado da bela e jovem caipirinha, Tessália, beijada por ele (Leleco), que idade não é documento de virilidade nem para o amasso.

Experiência às vezes disfarça a agilidade. Do outro lado, a atração edipiana de Adauto por Muricy, mãe e esposa de Leleco, tenta equilibrar (no guião) os direitos femininos nesse contexto. Se homem mais velho pode atrair uma jovem, por que não mulher mais velha atrair um jovem?

Atenção: sou o mensageiro não a mensagem. Seria outro tema.

Outro aspecto positivo da novela é o desmistificar sutil de que a desgraça social e econômica no Brasil só escolhe ‘o negão’ pela cor da pele mais escura ou morena, portanto, afro-descendência seria baixa condição na ótica dessa gente, no Brasil, com complexos coloniais de inferioridade em relação ao europeu caucasiano (mais claro), e de superioridade ao mais moreno.

Esse âmbito, na novela ‘Avenida Brasil,’ é caracterizado com humor saudável pela cena na sala de visitas de Tufão, em que Muricy a mãe dele renega a sua origem tropical e diz que ‘África e Oceânica não fazem falta no mapa do planeta.’ Ao que uma das esposas do polígamo Cadinho, a Verônica, mais culta e chique, informa com ironia e propriedade que 'toda a humanidade saiu de África.'

Mais recente ou mais remotamente, todo mundo tem DNA do neguinho ou da neguinha. E no Brasil nem se fala. Mais acá que alhá, mesclado com outros sangues europeus e orientais numa matriz ancestral da cunhã guarani.

Óbvio que os ‘mais escuros’ são os mais desfavorecidos pela herança histórica colonial do Brasil. Todavia, a novela ‘Avenida Brasil’ (o guião) com gente de todas as cores no lixão, alerta sutilmente, que há outros itens sociais em movimento de mudança. Olho azulinho ou cabelo liso loiro e pele bem clarinha já não é bem condição ‘sine qua non’ de benefício financeiro ou fiscal na sociedade. Formação superior e cultura ajudam mais. É preciso perseverança para melhorar de vida. Ser bom de bola ajuda mas não chega. Tem muito ex-craque de futebol falido por aí.

Quem estudou e se formou está melhor de vida após brilhar nos gramados.

Está ligada(o) cara?! Eheheheh…

100 crise. O mundo continua girando de quase do mesmo jeito. A gente aqui em baixo é que se vai danando ou ralando com questões sociais mesquinhas e de falta de dinheiro. Fazer o quê né? É a condição humana de uns e desumana de outros que só vivem para pegar no pé da gente.

Fuiiii…em busca de sopa e sossego. Humm… pensando melhor, talvez suco de acerola ou de caju e churrasquinho apimentado de peixe ou de carne caíam melhor – e com pão sírio amanteigado. E que se dane o colesterol por um dia.

Na Paz!

KX@ sábado, 27 outubro 2012.

Kuaracy Xaman
Enviado por Kuaracy Xaman em 27/10/2012
Código do texto: T3955459
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