EU NÃO POSSO TE PERDOAR

Bem que eu poderia dizer que te perdoo. Mas como farei, se não te odeio, não tenho raiva de você, ou qualquer outro sentimento inferior, alias muito pelo contrário, mas mesmo assim não posso simplesmente te perdoar.

Afinal você renegou o sentimento maior, tentou, em vão, apesar do esforço hercúleo em disfarçar este sentimento que nos envolve, se fazendo difícil, pior, tentando ignorar o obvio.

Desculpe, não sei se eu que devo pedir, mas ainda assim não posso perdoar por tentar soterrar este sentimento bem maior que você e eu juntos, disfarçar o indisfarçável, nas vãs tentativas de desviar seu olhar a mais infinita vontade de voltar.

Por convenções humanas, sejam elas quais forem, preferiu fingir passivamente, a viver ativamente, enganou-se no mais intimo de seus sentimentos em busca de alguma redenção que não cabe quando se fala em algo que lhe foge ao controle.

Em respeito aos sentimentos alheios, decidiu desrespeitar seus próprios sentimentos. Enganou-se tentando enganar o que sentia, sem perguntar se valia a pena viver tamanha experiência reformadora do nosso eu, de sua melhor essência.

Enfim, todavia, entretanto, apesar de, não te perdoo por ter jogado fora o ineditismo de algo maior, a virulência e ferocidade dos beijos nervosos, dos abraços não dados, e do sexo inexistente...e da não experiência compartilhada e vivida entre dúvidas, incertezas e apenas uma pronta resposta para tudo: o incontrolável.