Vestigíos de um "não"!

"a estrela cadente

me caiu ainda quente

na palma da mão"

- Leminski

O ar condicionado canta com seus tremores uma esperança de amanhã. No entanto, o calor, fogo do inferno, não está longe de meu alcance. Odeio mediocridade, sou um personagem-autor: escrevo meu próprio script.

Olhos negros nas escuridão não são passíveis de serem consolados. Olhos negros, são o furor de uma noite sem prazer a ecoar nas ladrinas do banheiro, em que de joelhos, eu imploro: piedade!

Tenho certas certezas teóricas, observo a natureza...

E no fundo mesmo, estou estresado, andando no fio esparso do tempo como uma formiga sem idéia do amanhã.

E sinto gana, mordo os dentes, vontades de fazer sabe o que lá Deus sabe. Deus é mito! O que ele sabe?

Não creio nas religiões. Idiotas hipócritas filosofias do dinheiro.

Eu não tenho motivos para escrever e no entanto escrevo, dia após dia. Registro. Minto. Distorço. Invento. Re-invento. Sou eu e sou ninguem, e ainda, alguem distante no tempo, lá onde as estrelas quicam na parede do universo e retornam para nosso tempo.

"Words set to music", de um Goethe às avessas. Werther foi vencido, e eu, brinco de primitivo, homem, nas pinceladas esquecidas e nas improvisações de uma sintaxe imcompreensível.

Movo o imovel, sinto o peito ofegante. Calor. Senhor, que se o inferno foir mais quente que isso, mais alguns meses deste clima e, terás de me inventar outra tortura.

Grita o sádico melodioso de olhos fúnebre. Ele não tem mais lugar hoje, assim como a histérica foi deixada de lado. Tantos estigmas..

Mas apesar de falar, falar, flanar, pensar, não sei.

E digo o que digo que penso dizer, mas não digo o que digo que penso que faz você pensar em fazer nos limites do racional.

E escrevo, busco ritmo, na coisa inamada do nada. No fazer de Kandinsky, onde o papel branco se torna a virtualidade absoluta, "na qual é e tudo pode ser".

Mas o que importa é que estou aprendendo a dizer não!

Ev
Enviado por Ev em 01/03/2007
Código do texto: T397614