Por ruas laterais...

"Não brilharia a estrela, oh bela

Sem noite por detrás"

Chico Buarque, Edu Lobo - A bela e a fera.

Hoje estou com a mente vazia, um pouco mais rqcional, talvez um pouco mais sombria. Sem não sou capaz de finais felizes, não os desejo, mas ficar na embriaguez de um deserto com a esterelidade de um hospital a ser jogada na mãos não é algo muito interessante.

Tenho o sorriso amarelo, enternecimento. Não ligo pra isso, não fumo, bebo café, saiu as ruas...

Leio bons livros, penso coisas não muito boas. Almejo o inalcansavel. Evito a rua principal, e por vielas, becos, alamedas, ruas laterais eu vivo... e pensando...

Não me ofereça flores, talvez um mergulho por atravez de seus olhos límpidos, como o cálice que me ofereceste... doce, cálido, como a noite enternecida e entrecortada por meus suspiros unidos aos teus.

Silencioso. Misterioso. Talvez mais do que eu que sou um enigma e me proponho a deglutir um mistério. E no entanto as pessoas falam de um futuro que não vem. E aos poucos eu me apaixono por sua mão estendida a minha, o sorriso oculto por entre as palpebras no carro, dissimulado...

Estou mergulhado entre pincéis e roldanas, matemáticas do ser e saber. O cabelo grisalho, mãos longas, mãos fortes, mãos gentis, mãos.... tão capazes de tudo...

E eu espero... deixo o tempo correr e fluir como uma torneira aberta enquanto escovo os dentes.

Corja parda, é dificil prender a atenção quando não se tem muito a dizer, mas se tem um lugar a zelar. E caminho ainda mais por entre linhas tortuosas, sintaxes obscuras, erros esquecidos, problemas ortográficos.... dislexia!

Mas vejo ao longe, num futuro, talvez mão inalcansavel do ser, tua mão que seria capaz de arrancar-me o coração para degustá-lo em algum jantar esplendorosos; dia de todos os cristais; dia de toda a prataria.

E eu canto, mal, mas canto. Que importa viver. Não respondo, habito o maior livro não lido, faço sons estranhos, tento ser blasè.. mas suo.. suo... suo... o calor me faz mal.

O frio da ponta dos dedos se perdeu na docilidade de teus lábios venenoso e no teu olhar encantador... passo os dedos por entre seus cabelos, fios preateados.. belos, sedutores... reflexos de lua sobre a sabedoria oculta.

Filme dos anos quarenta, nada de recessão, secessão, submissão. Lealdade pura e simples. Os corações que digladiam são piores que leões cançados de devorar cristãos.

No entanto, vejo baratas, ruas paralelas oferecem sombra e refugio. Um dia me escontro comigo mesmo em cotovelo de esquina, e brinco, e falo, das coisas.

Toda minha sensatez esta posta as claras, não sonho, não durmo. Sorriu.

Destruo os mapas.. e sigo andando.. batendo o nó dos dedos nos muros, tocando campainhas desconhecidas... jogando com a sorte no palácio da morte!

Ev
Enviado por Ev em 01/03/2007
Código do texto: T397692