FOTOS ANTIGAS (Crônica através do tempo)

FOTOS ANTIGAS

Estou olhando fotos antigas da cidade onde nasci,

há alguns lugares e prédios que cheguei a conhecer,

porém não mais existem, a não ser na memória de algumas pessoas...

Vejo antigos terrenos baldios na zona central,

os quais hoje estão ocupados por residências ou edificações comerciais...

muitos destes retratos são em preto e branco,

feitos numa época em que ninguém sequer imaginava minha futura existência.

O bairro onde fui criado nada mais era que um pasto,

descampado, porém ainda com muitas árvores...

vejo a fotografia da construção da Igreja Matriz

com seu imponente estilo gótico...

viajei no tempo ao ver a foto da escola onde estudei quando criança,

ainda em construção, tanto a escola quanto eu...

Em outra posso ver as horas no relógio da Praça do Rosário,

eram quinze horas e trinta e oito minutos,

duas pessoas estão passando perto do relógio...

me pergunto quem são, o que estão pensando e sobre o quê estão conversando...

mas a resposta foi tragada pelo tempo...

...e a foto monocromática, azulada, registrou aquele exato instante de tantos anos atrás.

Nos supermercados de minha cidade há painéis e banners,

nos quais encontram-se estampados parte da longínqua história de meu lugar...

Eu tenho uma revista, guardada há muitos anos em algum lugar de minha casa...

nessa revista, também há muitas fotos de um tempo remoto, de construções e locais antigos

que o progresso infelizmente devorou impiedosamente.

Passo as vistas pela fotografia da velha estação de trem,

a maria-fumaça parada na plataforma e pessoas posam

para o abençoado fotógrafo registrar aquele corriqueiro,

Porém hoje histórico momento.

Há fotos de ruas que levavam outros nomes,

fotos de ruas extintas, pelas quais ninguém de hoje jamais passou...

e nem passará...

talvez apenas eu, em minha imaginação, esteja passando por elas agora,

como um fantasma que assombra o passado...

Havia uma rua que atravessava a Praça da Matriz,

onde hoje há um calçadão sob as copas das árvores enfileiradas,

paralelas à escadaria frontal da Igreja Matriz.

Estou passando agora pela antiga via de mão única

que dava acesso ao antigo sanatório de tuberculosos,

em frente ao qual há alguns carros antigos e algumas charretes,

muito utilizadas para o transporte urbano na época, atualmente substituídas pelos táxis...

quanta diferença em relação ao que vemos hoje...

Vejo fotos antigas de lugares e imóveis que eu gostaria de ter conhecido ou entrado...

...me esforço ao tentar contar a meu amor um pouco da história

deste abençoado e por mim amado lugar...

Olhando para estas fotos fico imaginando o que pensavam,

o que sentiam e o que afligia os corações das pessoas daquele tempo...

então me vem a nostalgia, acompanhada da aflição, com seu gosto amargo,

remexendo no baú de minha mente,

enquanto olho a foto da construção da casa de meu pai,

onde fui criado e educado...

as recordações fluindo vertiginosamente, me contando histórias e estórias...

e eu sufocando as lágrimas que transbordam teimosamente do meu coração...

me trazendo lembranças das coisas que meus pais contavam deste lugar... eles...

...que nem eram nascidos aqui...

Então tudo isso me faz chorar e lamentar os bons tempos idos,

pois em meio a tantas fotos tão antigas, tantas lembranças,

também estão figurados os belos anos de minha longínqua, humilde,

porém feliz infância... ahh... essas fotos antigas!!!

Roberto Carlos Braz do Nascimento

(ROBERTO BRAZA)

13/11/2012

03:00h - am

ROBERTO BRAZA
Enviado por ROBERTO BRAZA em 18/11/2012
Reeditado em 18/11/2012
Código do texto: T3992495
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