“Mundança” Lingüística.

“Mundança” Lingüística.

O Hélio Ribeiro dizia qualquer coisa nesse sentido:

“Pontuação é um negócio que quando você aprende onde colocar, eles mudam de lugar.”

Uma boa tirada do Olavo, foi quando ele relatou uma pergunta que fizeram a ele num curso de filosofia que ele estava ministrando:

- "Me perguntaram: quantos livros por ano deveriam ser lidos para adquirir uma boa bagagem intelectual. Respondi: uns 80 livros... Metade desmaiou, a outra metade saiu correndo! "

Transcrição de um vídeo de Olavo de Carvalho na internet (sob o título “Entropia no Português do Brasil”):

"...Agora você veja também:

-Existe um grupo de pressão contra aquilo que se chamou, já há trinta anos atrás, o chamado preconceito lingüístico.

-Preconceito lingüístico é o seguinte: apareceu um lingüista, tá certo[?] , chamado Marcos Bagno e ele descobriu o seguinte:

-Se você usar a mesma gramática para todas as pessoas, se você usar a mesma gramática para todas as pessoas igualzinho, isso é anti-democrático!

- “Quer” dizer, isso é exatamente o contrário! Me parece, não é?!

-Se tivesse uma gramática para as classes altas, outra para as classes baixas, uma para os brancos outra para os pretos, aí seria anti-democrático! Mas o Marcos Bagno... ele pensa tudo ao contrário!

-Ele achou que a mesma gramática para todos é anti-democrático! Né? O certo é gramaticalizar a fala que ele aprendeu na infância, no seu bairro... Então você vai ter a gramática da Vila Nhocunhé, a gramática da Vila Maria, a gramática da puta que o pariu...

-Então, depois dele fazer campanha por tempo suficiente e arrebanhar o apoio de algumas centenas de professores tão imbecis quanto ele, a coisa agora foi oficializada pelo Ministério da Educação[!] ... que agora está distribuindo livros para as crianças. Livro dizendo que o certo é dizer “nois vai”, né [?] e assim por adiante. Quer dizer, para quê que precisa ter a concordância verbal, pra quê que precisa existir singular e plural, né?

Então...

Ora! O resultado disso vai ser muito simples: O Brasil é o único país do mundo, preste atenção[!], o único país do mundo onde apareceu alguém suficientemente idiota para dizer, e outros ainda mais idiotas para acreditar, que a mudança acelerada da língua é um progresso.

-Ora a mudança acelerada da língua..., o que ela faz é tornar ilegível tudo o que foi publicado antes da mudança, meu filho!

-Você veja, em toda América Hispânica, o pessoal lê os clássicos espanhóis como se fossem publicados ontem.

- Vá lá ver se tem alguém de cultura superior na Argentina, no México que não leu Pío Baroja ou Pérez Galdoz, quer dizer, os clássicos espanhóis do século dezenove... Ou que não leu Cervantes que é ainda de três séculos antes, hã ? Todo mundo leu!

-Agora acontece que no Brasil com esse negócio da mudança lingüística, a língua portuguesa de Portugal foi se tornando incompreensível para os brasileiros, de modo que virou quase outra língua.

-Aqui nos EUA, todo moleque na escola lê Dickens! Hã? Que é um escritor inglês do século dezenove. E olhe, note bem, Dickens... é difícil ler Dickens! Eu tenho dificuldade em ler Dickens porque o vocabulário do cara é muito rico.

-Agora, você dá um livro de Camilo Castelo Branco para o pessoal ler hoje, o pessoal universitário, eles não conseguem ler! Pior ainda, não precisa nem ser português: “pega” um autor dos anos 20, “pega” um Coelho Neto, o pessoal não consegue ler!! “Pega” um Euclides da Cunha, eles não conseguem ler!!

-Então o quê que é isso? É a mudança acelerada! A mudança... Veja... A Língua é o que permite que o legado cultural das gerações passadas continue sendo transmissível e acessível às novas gerações!

-Se a Língua vai mudando e a cada mudança é automaticamente aceita e oficializada como tal, você entra num processo que se chama ENTRÓPICO. ENTROPIA. Entropia é perda de informação. Então quer dizer que as informações que serão acessíveis a gerações seguintes serão cada vez menos... Então... vai haver total perda do senso histórico, total perda da unidade da cultura e total perda, vamos dizer, da capacidade de raciocinar sobre o que quer que seja. Porque você sem o aporte da cultura anterior, você não pode fazer nada!

-“ O homem é um animal racional”

-Sim. Ele nasce racional, mas para que a razão funcione é necessário uma série de condições, entre as quais a informação correta sobre o que se passou antes!

-Se você não entende o que vinha acontecendo... Se você não entendeu até o capitulo 31 você não vai entender o que acontece no capítulo 32! É a coisa mais óbvia do mundo!

-Então..., isso aí é uma obra de destruição da cultura!

-Você veja, que na França a última reforma ortográfica que teve foi em l600 e pouco. Eles nunca mais mexeram nisso. “Deixa como está”!

-Agora, o Brasil a toda hora mudança ortográfica, é... é... a língua escrita tem que acompanhar a língua falada... Falo..., olha..., o sujeito que diz uma coisa dessa, não sabe o que está dizendo pô ! Acompanhar a língua falada é absolutamente impossível! A língua escrita ela é bem ao contrário... Ela tem que dar uma unidade formal ao idioma. Ela pode incorporar alguns elementos da Língua falada, mas sem perder a unidade! Agora se você incorpora todos os elementos indiscriminadamente, aí perde a unidade e a Língua se torna impossível de ensinar! Porque você vai ter tantas variações, tantas variações que você vai ter um dialeto para cada bairro que é o que esse Marcos Bagno quer.

-É claro que esse sujeito é burro de mais, meu Deus do Céu. Ele não entende o que ele lê!... "