Conjunção planetária

Morna a noite. Sentei-me no banco dentro da piscina e elevei olhos para o Céu, respirando o ar puro que me rodeava.

A Lua azul parecia baloiçar indolente, tendo à sua volta Júpiter impertinente... Estrelas outras, pendentes, assemelhavam-se a brilhantes-pingentes, a engalanar a lua, que mais bela ainda se apresentava... Essa conjunção planetária estaria mais à vista na Noite de Natal que breve seria ...

O jardim rescendia a perfumes de rosas e jasmins... As trepadeiras amarelas, rosas e azúis mostravam fortes recortes no azul noite do céu ... tudo era paz em minha alma...

Era tão grande o enlevo, que cheguei mesmo a ouvir com doces saudades os sons das canções de ninar na suave e amorosa voz de minha madrinha... ("Dindinha")... Ah! Quantas saudades senti... Tenho plena consciência da felicidade que me causa saber ter sido tão amada...

Volvi no tempo. Da memória afetiva emergiu a vida que vivi. É minha, não importa o que exista no presente ou o que me traga o futuro: era, sim, muito feliz, por tanto amor que recebi.

Esse sentimento é meu maior tesouro. É único, está ínsito em meu Ser, faz de mim quem sou. Não a criatura perfeita que muitos gostariam fosse - e que eu mesma, provavelmente gostaria de ser, de ter sido... Sou apenas humana, passível de cometer deslizes, como meus semelhantes ... mas nunca os cometi propositalmente. Jamais fiz mal ou magoei quem quer que fosse... Ademais, meus acertos sobrepujam - em muito, meus erros. Minha vida é prova do que escrevo.

"Que atire a primeira pedra..." , disse Cristo JESUS aos que erradamente julgavam-se melhores...

Não importa, agora. O passado não pode ser revisto e o futuro me aguarda pelo tempo que Deus permitir...

De qualquer forma, sou a que caminha na Luz e à LUZ do Todo, um dia se reintegrará.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque

Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2012