Numa dessas viagens de Trem..

Ha um tempo atrás voltando do trabalho, ainda trabalhava na Al. Barão de Limeira, no bairro de Campos Elíseos no centro da cidade, todos os dias embarcava no trem na estação Júlio Prestes, cansado de um dia cheio e ainda uma boa caminhada entre a empresa e a estação.

Não me lembro porque naquele dia estava todo de preto, um terno, calça, camisa, totalmente de preto, realmente não me lembro se era um daqueles dias temáticos que as empresas promovem para descontrair seus fieis empregados. Enfim, entrei no trem e sentei em um daqueles bancos laterais, próximo a porta, e depois de muito tempo o trem alertou que ia fechar as portas e partir, assim o fez.

Na estação Lapa, entrou uma senhora carregando um daqueles carrinhos de feira, muito velho mesmo, cheio de sacolas e panos, logo deduzi que seria uma vendedora ambulante, sentou-se nos bancos laterais só que na minha diagonal direita. Até aí… Tudo bem…

Um determinado momento comecei a reparar aquela senhora, que fazia umas caretas de dor, sem dentes na frente ficavam ainda pior, me comoveu de pena, mas nada pude fazer tinha pessoas próximas a ela que também estava vendo o que ocorria. Não deu tempo de alguém sequer fazer algo, ela levantou e segurou com as duas mãos o ferro acima (que as pessoas usam para se apoiar na viagem) e ela puxou para baixo, erguendo seus dois pés do chão, e jogava as pernas para baixo, na hora pensei deve estar endemoniada! Ela soltou o ferro e colocou as mãos nas costas, como se a coluna estivesse doendo e ela tentasse estalar para assim aliviar sua dor.

Então eu entendi e fiz aquela cara de dó, e como estava chegando ao meu destino me levantei, e antes tivesse ficado quieto, ela gritou alto olhando fixo nos meus olhos!

- PADRE!…PADRE!…

Todo aquele povo me olhando, eu vermelho esperei o apito das portas e sai sem olhar para trás, muita gente me criticou, falando nossa um servo de Deus! Que vergonha! Mas o que eu podia fazer não sou padre, exorcizar a mulher? Rezar alguma ave Maria? E você o que faria?

por Robson Joaquim

Robson Joaquim
Enviado por Robson Joaquim em 02/01/2013
Reeditado em 02/01/2013
Código do texto: T4063425
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