A Era do Facebook - "geração com déficit de atenção"

A humanidade vive em constante mudança e isso não significa necessariamente falar em evolução. A mutação algumas vezes é cíclica, outras vezes é abandonada em um ostracismo eterno. O homem inventivo cria, recria, destrói, mas age. A obstinação: uma arma nas mãos focadas, ainda que em certos casos estejam camufladas por uma falsa desatenção.

Os movimentos surgem e desaparecem, no entanto, o legado deixado vira história, tendência, exemplo - o resto de vida que nunca vira pó.

No século XX, logo após a Primeira Guerra Mundial e bem no início da Grande Depressão, a humanidade sofria com escassez de tudo e o futuro nunca havia sido tão cinza. Os sonhos não eram mais palpáveis e a esperança cada vez mais rara. Contudo, do âmago desse período conturbado nasceu um grupo notável. Liderado por Hemingway, Fitzgerald, Ezra Pound e James Joyce, apelidado de “Geração perdida” por Gertrude Stein, em virtude das circunstâncias, eles fizeram uma revolução. Contra todos os determinismos, enfrentando os próprios obstáculos da alma (desesperada e conformada), essa geração conseguiu produzir um fantástico acervo de pura criação. Uma herança inestimável, um aglomerado de obras únicas, dotadas de força e personalidade.

Em situação diametralmente oposta, com recursos infindáveis e com um horizonte sempre azul, está a nossa geração. Uma extensão deteriorada da “Geração Coca-Cola”. Somos os multifuncionais que, na realidade, não sabemos fazer nada. A turma preguiçosa que copia e cola, sem precisar usar carbono. Mentes brilhantes que não gostam de pensar.

Gostamos de ser reconhecidos como a “geração iphone” ou “facebook”, mas seria melhor se fossemos a “geração wikipedia”.

Não temos ideia do que é um lápis, não precisamos fazer contas. Não é preciso treinar, nem ensaiar, tampouco estudar, pois existem programas para isso. Deixamos de ter apoio, para, ao invés disso, nos tornarmos bengalas para nossos aplicativos.

Vivemos em extrema dependência, meia-dúzia de pessoas que pensam por todos. Os sonhos não são mais sonhados por nós. A esperança resumida em correntes virtuais. Nossos cérebros recebem uma quantidade cada vez maior de proteína, mas não precisam se esforçar. Férias muito bem remuneradas e sem hora para acabar. Somos a Era com maior quantidade de homens com déficit de atenção. Não conseguimos fazer nada que não precise ser atrapalhado, curtido, compartilhado, comentado. Reféns com Síndrome de Estocolmo. Um ser sem autonomia, cercado, murado, ilhado, pela tal liberdade.

Somos tudo e não somos nada.

RSollberg
Enviado por RSollberg em 04/01/2013
Código do texto: T4066616
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