Fênix
Quisera eu poder alcançar você.
Quisera eu substituir, com tudo que possuo, qualquer minuto de dor e angústia que atinja você. Ontem, hoje e amanhã.
Ser sua protetora é uma ficção. Uma delirante e prosaica forma de viver a maternidade.
O altruísmo que parece permear a condição de mãe não constitui, de fato, barreiras intransponíveis. Aquelas que pensava ter concretadas enquanto acompanhava e estimulava tudo que me era possível em seu desenvolvimento. Aquelas que pareciam impedir os atos danosos. Não importa se por sua vontade ou por vontade de outros.
Em que mão este 'caminhão' está?
Estará ele desgovernado? Se estiver, contra o que poderá se chocar?
Sairá você, todos nós, apenas feridos superficialmente ou com mais gravidade? Com que tipo de sequela teremos que lidar?
Estar a par de sentimentos, comportamentos, condições, não me atribuiu nenhum poder para modificar o rumo de uma conduta, de uma busca, como, desastrosa e pretensiosamente pensei um dia ser possível. Como se fosse uma questão fechada. Nem sei porque considerei isso. Não tem cabimento, não é assim. Simplesmente não é assim.
Não há a mínima chance de transferir um posicionamento meu para outro alguém e ponto. O que há é um pequeno poder (acho eu) que a confiança, esta sim, ocupa em uma relação.
Relações estremecidas pela quebra de confiança arrebentam corações, acima de tudo. Continuamos trôpegos por muito ou longo tempo, dependendo se somos mais ou menos sensíveis.
Reconstruir.
É tudo que quero agora.
É tudo.
Tudo de novo.
Ver sua carinha sorrindo com brilho, espremendo seus lindos olhos rasgadinhos, é uma esperança.
Ver você abrindo seu coração, mesmo que a maior dor do mundo seja o caminho (e normalmente é) para isso acontecer, é uma esperança maior ainda.
Em suas próprias palavras, li 'esperança' com estes olhos.
Meus olhos de mãe, de amiga. De alguém que não quer te desamparar.
De uma simples companheira de jornada, abençoada com a missão de mãe de alguém especial como você.
De alguém tentando encontrar o (meu) lugar no mundo. Tentando me ajustar, a todo custo, ao universo social que, a todo momento, joga em minha cara as dificuldades que tenho.
De quem quer ainda te conhecer muito mais... festejar suas vitórias.
Que quer ver seus grandes talentos despontarem neste mundo.
De alguém que sente este amor sem paralelos por você.