O Português e seu Cavalo

por Robson Joaquim

Contava-me o meu avô paterno Arnaldo, Luso legítimo que seu irmão Manoel e não é piada, que durante a vinda de sua família de Portugal para o Brasil em meados de 1942:

No sertão paranaense, em um sitio de muitos alqueires comprados após sua vinda de Portugal, seu Manoel era dono de muitas terras, alquilava para o plantio de todos os tipos de plantações, seguro, muquirana, coletava de sua esposa a lista da compra do mês como fazia de praxe.

- Sebastiana, Ireis para a vila o que precisas de lá? – Pergunta seu Manoel

- Oras Manoel, necessito de especiarias, farinha, trigo e também rapadura para os meninos e soja.

-Anotaste em papel? Não me lembrarei de meia dúzia do que falaste.

Assim Manoel, homem respeitado na cidade, colocou seu melhor terno, sapatos engraxados, um chapéu negro como ébano, lustrou os bigodes, apenas uma esborrifada da colônia francesa quase no fim do vidro, já havia lustrado o cavalo e colocado os adereços de puro couro e saiu a galopar pelo sítio até a porteira que dá acesso a estrada que o levaria a vila.

O cavalo troteando calmamente e Manoel avistando a paisagem de suas terras, horas parava para tirar pedaços de madeiras na estrada o que impedia a passagem do cavalo e horas para arrumar a cerca de suas terras que pelo vento ficava fora de prumo.

Chegando a vila, atou seu cavalo próximo ao poste, passou na venda e cumprimentou a todos ali presente, confiou a lista ao vendedor, que separou toda a lista em sacos de barbantes, resistentes. Pagou-o com dinheiro em notas novas e limpas, despediu-se e foi ao bar da venda tomar um copo de vinho do porto.

Colocando as especiarias em riba do seu cavalo, foi cavalgando até a estrada que o levaria ao seu sítio. Mas um dado momento resolveu acender um cigarro de palha, com fumo caseiro curtido a urina (diz a lenda) e assim o fez.

Acontece que devido ao curso do vento, Manoel não conseguia acender ao cigarro, era acender, o vento apagava, resolveu com o canto de a boca dar um comando para que o cavalo virasse, contra o vento. Com muita dificuldade conseguiu acender ao cigarro, guardou seu binga dentro do bolso direito do terno, ajeitou o chapéu, pegou as rédeas e continuou a cavalgar.

Já cavalgava em torno de uns 40 minutos, quando percebeu que estava chegando de volta à vila, ao virar o cavalo para acender o cigarro, esqueceu-se de dar o comando de volta para retornar, ao invés de voltar para o sítio, voltara para a vila.

Para disfarçar, comprou na venda mais duas pedras de rapadura, e dois maços de cigarro e retornou ao sítio, dessa vez antes de sair da vila, já tocou a acender o cigarro.

Robson Joaquim
Enviado por Robson Joaquim em 07/01/2013
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