Flores secas

Entrecortada por miúdas e diversas pétalas verde-amareladas que, atrevidamente cercaram-na, apertando-a e comprimindo-a, retirando-lhe a chance de respirar o ar que agora já era pouquíssimo, caminhava em passos frágeis. E, cambaleando, com pés flutuantes e olhar dormente, parou, num instante de inevitável paralisação para sentir o batimento quase morto de um coração decadente. Em degraus que nunca desciam, tropeçava até o momento em que o vento quase furacão lhe roubou todos os pensamentos e lhe fez caveira, com cabelos brancos e secos, buracos de olhos fundos.

Sem saída e sem idéias, quebrou-se. Um estalo de joelhos levou seus finos dedos a esfarelar-se no chão.

E aí, já não havia mais a menina que brincava de soltar ao vento palavras de poesia.

Josué Mendonça
Enviado por Josué Mendonça em 10/03/2007
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