VIVENDO ATÉ A MORTE

Hoje, pelos corredores do metrô, muita gente me acompanhando, alguns mais apressados me ultrapassam, nem sempre mais jovens do que eu. O que a idade faz com a gente, outrora não admitiria ser ultrapassado sem dar o troco, quer andando ou de carro. Atualmente pouco me importo, não tenho pressa, deixo que se vão, não chegarão antes de mim para o lugar que todos vão, se chegarem azar deles, ou será sorte?

Recebi uma noticia hoje de uma tia querida, internada pela segunda vez esta semana, está com 97 anos e ainda não conseguiu morrer, tadinha.

Adoro a vida, mas não quero abusar dela, minha mãe com noventa e quatro anos não quer e não deseja mais para ninguém muitos anos de vida. Cansou de viver. Com a partida iminente da irmã que vive com ela nos últimos 35 anos se sentirá mais sozinha. Cansada de viver, mas incansável na vida, ainda hoje vai ajudar minha irmã, passa roupas para ela e, quando encontra roupa com algum estrago, costura, coloca botões, lava louça,quer se sentir útil de alguma maneira.

Filhos criados e cuidando da vida, escrevi alguns livros, plantei algumas árvores, como disse alguém, já posso partir pro além, mas será só isso que me trouxe para cá. Tem um livro que cujo título é “Mil lugares para visitar antes de morrer”, talvez escreva um “Mil coisas para fazer antes de morrer”. Tem que se ter muita imaginação.

Defranco
Enviado por Defranco em 10/01/2013
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T4078166
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