* André acordou atrasadíssimo.
Antes de levantar, sempre realizava uma oração agradecendo a noite e rogando uma jornada satisfatória conforme sua sábia mãezinha lhe ensinou.
Dessa vez, entretanto, decidiu deixar para depois.
 
Seguindo para o escritório, após descer do ônibus, na esquina do outro lado verificou que havia um mendigo estendendo a mão.
O pobre homem era novo na área, jamais estivera ali antes.
Desejou atravessar e conversar com o pedinte, dar algum dinheiro, sondar se havia alguma ajuda a lhe oferecer, porém André resolveu deixar para depois.
 
Já no escritório, um amigo de infância ligou e solicitou um encontro, pois estava precisando desabafar com alguém.
André alegou ter alguns compromissos pendentes, prometeu no dia seguinte combinar com José uma conversa.
Enfim, preferiu mais uma vez deixar para depois.
 
Na hora do almoço, saiu muito apressado.
Sempre almoçava com a namorada que o aguardava num restaurante próximo.
De repente, dois homens surgiram correndo seguidos por três policiais.
Todos estavam armados, as pessoas se assustaram, pois começou um terrível tiroteio... André tentou se abaixar, no entanto logo sentiu um impacto perto do coração.
Uma bala perdida o atingiu.
 
* Quando despertou, André enxergou a namorada linda e sorridente.
Joana esclareceu a situação.
Uma bala perdida o atingiu perto do coração, contudo alcançou exatamente a chave pequena do seu escritório que ele costuma deixar no bolso da camisa.
Na queda André bateu a cabeça no chão e desmaiou, porém a bala não logrou atravessar a chave.
Os médicos consideraram o episódio um milagre.
Joana brincou dizendo que André era um tremendo sortudo.
 
André imediatamente fez uma retrospectiva sobre os fatos do dia.
Recordou que não orou antes de levantar, lastimou a pressa quando viu o mendigo novato e se arrependeu profundamente de não ter combinado um diálogo com o aflito José.
Pediu um abraço à namorada.
Nos braços de Joana chorou bastante. Queria muito aproveitar a oportunidade preciosa que a vida lhe deu, afirmando, a partir daquele instante, abandonar a correria tão habitual.
 
* Enquanto isso, numa praia deslumbrante, um lugar inacessível aos sentidos físicos, contemplando o mar, um jovem anjo da guarda sorriu quando viu se aproximar outro anjo guardião revelando uma enorme maturidade.
O anjo mais novo falou:
_ Ótimo, querido Gabriel! Agora tem tempo para me fazer companhia admirando essa fantástica dádiva celestial?
_ Sim, agora tenho! O meu protegido está deixando o hospital muito emocionado porque saiu ileso após ser atingido por uma bala perdida.
_ Como foi isso?
_ O meu protegido, André, hoje resolveu valorizar demais a pressa inútil, esqueceu de seguir os nobres impulsos do coração, desprezou as necessidades de um velho amigo, nem sequer orou quando acordou.
Na hora do almoço sua completa invigilância o conduziu para o meio de um tiroteio. Uma das balas seguiu em sua direção.
Consciente de que não era o momento da sua morte, consegui improvisar utilizando uma pequena chave que ele levava no bolso perto do coração, tornando-a o alvo do projétil.
O rapaz perdeu a consciência porque bateu a cabeça no chão, mas escapou do tiro fatal.
Ah! Estimado Lucas, você logo vai perceber o trabalho que nossos tutelados provocam quando crescem!
Aproveite esse período enquanto o protegido o qual o bondoso Pai lhe confiou ainda é um bebê que adora, a maior parte do tempo, sonhar com os nossos colegas!
 
Os dois anjos, agora sentados na areia sublime, sorriram.
Lucas indagou:
_ O que os amigos e parentes dele disseram sobre o desfecho dessa história?
_ Há somente uma namorada. André mora sozinho, é filho único e seus pais já faleceram.
Joana acha que o namorado teve muita sorte.
André está feliz pela nova chance que a vida lhe concedeu e promete ser menos apressado nos dias seguintes.
Tomara que absorva a lição!
Os nossos solícitos médicos, na maioria das vezes frios demais interpretando as ocorrências, surpreendentemente perceberam que houve um “milagre”.
 
_ Parabéns, Gabriel! Você fez um excelente trabalho!
_ Lucas, meu caro amigo, devemos parabenizar a Deus, expressando nossa infinita gratidão por Ele nos ofertar essa missão tão maravilhosa e inspirar as nossas ações!
_ Você está certo, Gabriel! Desculpa!
Realmente é muito animador saber que o magnânimo Pai ama sempre, nos envolvendo com a Sua afeição e atenção o tempo todo sem nunca deixar para depois!
 


 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 13/01/2013
Reeditado em 15/01/2013
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