Um museu para Poções

Tussauds, Louvre, MAM e tantos outros museus neste mundo afora. Em Poções, na Festa do Divino, temos a exposição de fotografias de Zé Onildo, que já foi vista por milhares de pessoas. Comparar estes museus com a exposição deve ser loucura, alguém pode estar pensando...

Não comparo o teor e nem a qualidade das artes. A emoção de ver o sorriso da Gioconda nos arremete a Florença de 1503/1506, povoando as nossas mentes com o brilhantismo de Leonardo da Vinci e outros belos e famosos trabalhos. Ver a fotografia da antiga praça da Igrejinha, trás uma emoção inestimável. Em cena, os nossos símbolos e a sensação de uma saudade sem retorno, de momentos únicos, eternizando-se tão perto da gente.

Revendo uma simples foto de Poções, acredito ser de 1952/54, nos conta muito da história religiosa, da própria evolução da cidade, de outras culturas e permite a ajudar na reconstituição da história. A foto foi feita na praça onde se comemora hoje a Festa do Divino. Nela, se vê o andor de São Roque sendo transportado por senhoras italianas (Rosina Libonati, Francesca Sarno e Ana Maria Sangiovanni, minha mãe – os garotos são Pepone e Michele (meus irmãos). Não reconheço as outras pessoas da foto.

Naquela época, os devotos faziam os andores em suas casas e transportavam para a Igrejinha e daí partiam em procissão. São Roque (San Rocco) é muito devotado em Mormanno, Itália, e alguns amigos e parentes foram homenageados: – Fidélis Rocco Sarno, Rocco D´Antonio, Antonio Rocco Libonati e Giuseppe Mário Rocco Sola.

Quanto à observação urbanística, as casas da Rua Maneca Moreira ainda não existiam. A casa de Omar é a mais moderna. A sede do Tiro de Guerra está atrás do andor. A praça da Festa ainda é de chão batido e com uma grande vala erodida.

A nossa cultura e história estão representadas nas fotografias da exposição de Zé Onildo e há a necessidade da administração municipal olhar com bons olhos para ela. Há de se criar um espaço para a exposição permanente, conservar o material que já é exposto e incentivar as doações de fotos e objetos.

As observações da foto mostram que temos a necessidade de preservar o passado e que não estou aqui pedindo um Louvre e nem um MAM para a cidade, mas um local onde possamos reunir e tornar pública e permanente a cultura do nosso povo e que a história possa ser contada.

Eu tenho a certeza que Poções é um verdadeiro museu esquecido em cada casa, em cada armário e em cada velho álbum de fotografias.

Luiz Sangiovanni
Enviado por Luiz Sangiovanni em 10/03/2007
Reeditado em 10/03/2007
Código do texto: T408298