ESCÁRNIO AO DIFERENTE ?(Asquerosos sapos atraem coloridas e reluzentes cobras)

O amor não me ama, esfrega-me na lama, mantendo-me sujo. Agora aproveito para manter minha fama de asqueroso, matando minha sede na poça da rua. Quem me dera ser DE VOCÊS para sentirem nojo de mim. Pode ser que eu esteja vomitando para me defender, como faz o urubu-de-cabeça-vermelha: uma virtude da espécie. Quero desvirtuar seus perfumes com meu fedor indifuso, de uma boca que dormiu aberta: a minha. E se ainda, assim, não me veem verdadeiro, pelo menos me respeitem, honrado-me com a herança dos diferentes: o escárnio dos tolos. A carniça não é tão mal assim: alimento dos Abutres!

Onde quero estar!? No paraíso, é claro! Ou em um lugar que não tenha regras, mas que tenha apenas exceções supervisionadas, motivadas pela sede do equilíbrio. Aí sim, as pessoa podem amar e se deixar ser amadas como são. Lá o porco que hoje nos persegue corre pouco, será gordo demais para isso! E com uma banana tirada do pé, repõe-se cabalmente o prato de petiscos derramado por acidente.

No mundo onde vivo, qualquer traça come minha roupa nova, comprada com as secreções vitais – suor, lagrimas, sangue – do meu calejado corpo, que nem me pertence mais, é do Diabo, de tanta maldição dos que anseiam ver em mim os "sublimes" traços da beleza midiática e não os encontram. Qual é minha culpa? E quais são suas culpas por terem que me olhar, mesmo torcido que seja? Eu sinto muito por existir, porém existo, logo penso, embora na contramão! Fazer o quê! Mas, penso. E vocês pensam...?

É como disse Mahatma Gandhi: "De olho por olho e dente por dente o mundo acabará cego e sem dentes." E por minha conta, acrescento ao seu pensamento, que de tanto "amar", o mundo acabará também sem coração! Asquerosos sapos atraem coloridas e reluzentes cobras.