Envelhecer é inevitável; consumir-se em mau humor, não.
Uma atriz bonita, atuante e bem resolvida declarou ao completar 70 anos: “Sinto-me com se tivesse 35, 40 anos”.
E isso é comum a pessoas saudáveis e produtivas. Lembrei que minha mãe e tia que se divertiam dizendo - “Quando dou de cara comigo no espelho, me pergunto: Nossa! Quem é esta velhinha”?
Não vejo nada errado em envelhecer.
Quem vive paga um preço: o desgaste do invólucro. Ruim é envelhecer sem ter vivido.
Quem aguenta um velho mal humorado, ranzinza, insatisfeito, cheio de vícios, manias e ainda por cima ego inflado?
Que mal há em ter uma ou outra articulação emperrada, usar próteses, ou precisar de ajuda médica de vez em quando? Milhões de crianças e jovens no mundo inteiro passam por isso.
Idosos lúcidos e bem resolvidos sabem que é preciso adaptar-se ao corpo que possuem hoje, e aproveitar a vida da forma que lhe for possível, apesar de suas limitações.
É gratificante viver um dia de cada vez, sem ansiedade ou saudosismo.
Não, não dá pra voltar ao passado e não existe maneira de devolver a juventude que deveria ter sido bem aproveitada.
Vive melhor quem é capaz de compreender que de tempos em tempos, é preciso se aprender a conviver com novas realidades, até o dia que o corpo será finalmente descartado.
Quem tem fé não vê nisso nenhum drama, pois “sabe” que renovar-se é preciso.
Feliz é o idoso que pode afirmar o mesmo que Pablo Neruda: “Confesso que vivi”!