Post Mortem

Havia varias pessoas em volta de uma mesa, todas sentadas conversando sobre coisas aleatórias, por algum motivo, eu não prestava atenção em nenhuma delas, e estava com a enorme vontade de sair daquele lugar. Mas algo me chamou atenção...

- Já lhe contaram meu caro, sobre a maldição da família? – Ele estava levemente se dirigindo a mim. Mas a cena mudou...

Estava num jardim, havia um corpo na minha frente e uma arma na minha mão, alguma luz estranha atrás de mim estava criando sombras descontroláveis que se moviam constantemente, e nesta dança de escuridão, vi algo se mexendo mais ao longe, no meio das arvores, algo me dizia que foi aquilo que matou a pessoa na minha frente, apontei a arma, e me apareceu uma pessoa.

Por entre as arvores, me olhando, com um olhar assustado, ele me era familiar, mas atirei mesmo assim. No cair do corpo, varias imagens invadiram a minha cabeça, mas a cena mudou novamente...

- Maldição? Que tipo de maldição? – Perguntei, por algum motivo aquilo me intrigava.

- Então, não se sabe muito sobre ela, e... – O olhar bravo de minha mãe o fez hesitar em continuar - Dizem que ela destrói gerações! – Disse com um olhar meio louco

Queria entender o porquê ele me disse aquilo, e o porquê do olhar tão nervoso de minha mãe, mas a cena mudou...

Estava um pouco mais a frente no jardim, por entre as arvores, agora com outro corpo aos meus pés, estava assustado, sai correndo pela floresta adentro, algo fazia muito barulho na minha frente, por reflexo, apontei minha arma para a direção do barulho, mas a cena mudou...

- Por que vocês sempre me escondem as coisas? – Gritei na mesa, e levantei nervoso, mas ninguém me respondeu – É sempre assim! E não é a primeira vez que me mandam indiretas sobre esta tal maldição – Reclamei, eles estavam me escondendo algo, algo muito sério, e eu ficava cada vez nervoso.

Corri para a sala aos gritos de “Não! Não vá para lá! Volte!”, mas a cena mudou...

Estava ao pé do morro que levava para a estrada, a única estada que tinha na cidade, e em baixo de mim, mais um corpo, nem sabia mais se era o mesmo ou não, um pouco acima, tinha uma garota correndo em direção à estrada.

- Corra! Aconteceu com ele também! Corra! – Gritou a garota, então por medo eu corri atrás dela, mas, quanto mais perto eu chegava, mais aquele medo se transformava em ódio. Mas a cena mudou...

Invadi a sala, e peguei a arma que guardávamos em cima da lareira, e me virei à multidão que chegava a sala.

- Agora vocês vão ter que me explicar! Alguma coisa vocês vão ter que me explicar! – Gritei, mas todo mundo ficou apavoradamente quieto, estavam realmente com medo de mim, mas eu estava nervoso demais para pensar, apontei a arma para um encanamento de gás que passava quase ao fundo da sala. Mas a cena mudou...

Estava quase na estrada, ainda com a arma na mão, desta vez, era o corpo de uma menina aos meus pés, algo me dizia que ela era a ultima que eu tinha que ir atrás, então agachei e virei o corpo dela, era o corpo de minha irmã.

Cai para trás sentado, assustado, no fundo eu sabia que era eu quem fez aquilo com ela, mesmo não lembrando como, olhei para trás, ao fundo tinha a casa inteira pegando fogo, e se alastrando para a pequena floresta que tinha no jardim.

Eu tinha feito aquilo, tinha destruído tudo e todos, não podia conviver com isto, não podia continuar com a minha linhagem, a maldição nao podia passar para mais ninguem, apontei a arma para a minha cabeça. Mas a cena mudou...

- Calma! Não atire! – Gritou um rapaz na minha frente – É que você porta esta maldição, segundo a nossa linha genética, você é o “escolhido” – Disse, tentando me acalmar.

Mas eu não queria ouvir aquilo, atirei no encanamento de gás, que logo explodiu no sentido da porta da sala, ateando fogo por toda ela, pulei a janela que tinha ao canto, e vi algumas pessoas fugindo ao longe, em sentido ao jardim.

Nícolas Lúcio
Enviado por Nícolas Lúcio em 30/01/2013
Reeditado em 13/03/2013
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