O Lado confuso da vida

A vida em certos momentos me assusta, sinto me roubada, quando nasci tinha tudo, pai, mãe, irmãos, parentes, um lar definido.

Antes mesmo de perder a inocência, já não tinha mais nada, a vida obrigou-me a ir a luta, e eram tantas batalhas a vencer, pra minha pouca idade, era um fardo pesado, fui roubada da minha infância. Será que algum dia foi criança? Sempre lembro de mim assim, nasci adulta.

Às vezes pensava, indagava o porque de ser sozinha, que mais a vida tinha reservado pra mim, comecei alimentar um sonho: Um dia reuniria minha família, tinha que ter todos de volta.

A vida me devia isso, alimentei esses sonhos por muito tempo, isso me fazia sobreviver, precisava de algo que me impulsionasse a frente, essa era a minha meta, e por isso lutei, até o dia em que recebi uma carta da minha mãe, fiquei emocionada, mal conseguir ler a mensagem, minha mão tremia, as lagrimas turvava minha visão, meu sonho estava perto de realizar, agora eu tinha um endereço, uma luz para iniciar a busca dos meus familiares, tantos pensamentos povoavam minha cabeça, eu estava feliz.

Finalmente criei força pra começar a leitura, aos poucos minha decepção foi aumentando, sentir revolta, a carta era fria, eram cobranças e queixas, nela a palavra que mais se repetia era ingratidão, não pôde entender.

Eu agora era a ingrata, eu que sempre sonhei com esse reencontro, não podia ser pra mim estas palavras amargas: “Minha mãe, não era mais quem eu tanto sonhava”, meu sonho virou pesadelo.

Mesmo assim não seguir meu coração, não escutei as palavras que vinham da alma, não quis acreditar que tinha sido a vida a nos separar, com certeza pra me poupar de sofrimentos. Quis pagar pra ver, e vi.

Hoje afirmo não sonho, às vezes sonhar faz criar ilusões, que nos cegam e não nos permitir ver a realidade, não nos deixa ser feliz com o que temos.

Deixo a minha vida toda em branco a cada dia escrevo nova pagina, vivo a contar com o improviso; Se sou feliz,? Não sou. Porém ainda busco essa tal felicidade; Imagino dias felizes; Um dia ensolarado um cair de tarde com todas a beleza de cores que só a natureza é capaz de pintar, uma tarde chuvosa, o abrigo providencial, aquele entendimento entre pessoas que dispensa palavras, isso sim faz parte da felicidade, mas como afirmei a pouco; Eu não sonho mas, acho que já passei da fase dos sonhos. As rugas denunciam, os anos se passaram.

Dilene Moreira
Enviado por Dilene Moreira em 14/03/2007
Código do texto: T412187
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