INDIGNE-SE BRASIL V: a vergonhosa recondução de Renan Calheiros à presidência do Senado

Por Herick Limoni*

Na última sexta-feira, dia 01 de fevereiro, a política brasileira escreveu mais um capítulo de sua vergonhosa história: a recondução de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Isso mesmo! Para aqueles que não sabem de quem estou falando, o que acredito ser muito difícil, trata-se de um senhor que, há pouco tempo, precisamente no ano de 2007, esteve sob suspeitas de que teria apresentado notas frias para comprovar sua renda, quando surgiram denúncias de que um lobista de uma empreiteira custeava uma pensão à amante do senador, com quem teve uma filha. Em razão das denúncias, o senador renunciou à presidência do senado, quando, na verdade, deveria ter renunciado ao seu mandato. Mas qual político brasileiro tomaria tal atitude?

Passados pouco mais de cinco anos de sua renúncia, Renan Calheiros é, novamente, eleito por seus pares presidente do Senado. Em uma total falta de sintonia com os eleitores brasileiros, que os elegeram, 56 senadores, dos 78 presentes, derem seu “voto de confiança” ao recém-eleito presidente. Essa afronta direta ao desejo popular demonstra, inequivocamente, que nossos políticos estão, com o perdão da palavra, “cagando e andando” para o povo brasileiro. Aliás, há muito tempo que nossos políticos só fazem isso: cagada atrás de cagada.

Como desgraça pouca é bobagem e seguindo o péssimo exemplo dado pelos senadores, a Câmara dos Deputados elegeu para sua presidência, no último dia 04 de fevereiro, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Dos 513 deputados, 271 votaram em um parlamentar que encontra-se envolvido em escândalos recentes segundo os quais teria beneficiado a empresa de ex-assessor com emendas parlamentares destinadas a obras no Rio Grande do Norte, além de ter destinado verbas de gabinete para contratar serviços de uma locadora de carros de fachada, em nome de uma laranja. Trata-se do parlamentar mais antigo na Câmara dos Deputados, com 44 anos de mandato.

Apesar de nenhuma das denúncias terem sido - até então - comprovadas, acredito que o simples fato de ter seu nome envolvido seria motivo suficiente para se evitar que os suspeitos assumissem dois cargos da mais alta importância do país, sendo um deles, inclusive, o terceiro na linha sucessória presidencial. Tal assertiva se justifica pelo fato de que, quando se trata de denúncia envolvendo políticos não podemos duvidar de praticamente nada, haja vista as inúmeras surpresas desagradáveis com as quais o povo brasileiro tem sido “presenteado” ao longo dos anos, nos níveis federal, estadual e municipal.

A luz no fim do túnel é a esperança de que um dia – o qual acredito estar muito longe – os eleitores brasileiros tenham consciência da importância daquela que é a principal arma em regimes democráticos: O VOTO. Somente através dele poderemos nos ver livres de pessoas que, a meu ver, colocam o interesse pessoal à frente do interesse coletivo. Acredito que o interesse pessoal prevaleceu mais uma vez para a eleição dos citados parlamentares, pois, muito provavelmente, aqueles que os elegeram têm “rabo preso” com os vencedores. Resta-nos, por fim, continuar acreditando no poder do voto e preparar o espírito para que, daqui a pouco, não sejamos surpreendidos pela volta de Delúbio Soares, José Genoíno e José Dirceu à cena política brasileira. Alguém duvida disso?

*Bacharel e Mestre em Administração de Empresas