Insight da Paixão

“Ao descobrir que não há como imaginar o futuro, não há como imaginar o desconhecido“ (Osho). Mas preferimos acreditar que temos controle de tudo em nossas vidas. Assim o que nos cerca, parecerá mais seguro. E passamos viver num universo utópico, onde tudo foi previamente programado.

Idealizamos como será, com quem será, e até, quem seremos nós mesmos. Desejamos o momento perfeito de nossas vidas. Esse desejo nos consome, nos deixa cegos para vermos o que é e loucos o bastante para vermos tudo como gostaríamos que fosse. Criamos um vazio, inventamos esse espaço e passamos a vida toda tentando preenchê-lo.

Já não nos cabe mais a busca pela felicidade, porque agora realmente acreditamos que ela só chegará quando estivermos completos. Então paramos e esperamos. Não somos mais os responsáveis, mas sim o que está por vir.

Nomeamos personagens, atribuímos-lhes valores, expectativas, e vemos tudo extremamente belo, assistimos eufóricos ao filme de nossas próprias vidas acontecendo. Cenas mágicas onde nos colocamos como protagonistas da história, como o mocinho ou a mocinha perfeitos.

Então finalmente é agora, o nosso desejo se realizou e devemos nos assegurar que ele é nosso e será eterno. Mas nada é eterno, a vida está em constante movimento. E percebemos que ele se foi, o êxtase e a emoção do momento passou. Nada parece tão bonito quanto era antes, surgem defeitos que nunca vimos, problemas que nunca existiram. E deixamos de viver a intensidade porque queremos a eternidade, a estagnação.

E num sentimento de puro egoísmo, damos o desfecho àquela história que do início ao fim, só interessava satisfazer exclusivamente ao nosso desejo.

Descartamos aqueles personagens e aquelas cenas, ou, simplesmente nos retiramos como derrotados, pois tudo agora se tornou decepção e desilusão. Ao invés de somarmos e pensarmos que ganhamos algo, nós subtraímos, pois o único sentimento, é o de perda.

E assim, continuamos a alimentar a existência desse espaço vazio, que não nos permite viver a realidade, deixar a vida fluir e por algum instante perder o domínio.

Seguimos insatisfeitos, com medo de nos arriscar, quando na verdade, nos cercar de segurança é o verdadeiro risco. Mantemos a ausência do afeto, carregando nosso passado, inventando nosso futuro, aprisionados nos castelos de vento que sempre são quase perfeitos até desmoronarem.

E você ainda acredita que tudo isso é o início de um grande amor?

“Nunca olhamos dentro de nós mesmos. Achamos que não importa, como se já conhecêssemos tudo o que está dentro de nós. Nos encontramos em tamanho estado de inconsciência, que o que quer que façamos, só aumenta o nosso sofrimento e dos outros. Continuamos culpando o destino, a sociedade, a natureza. Mas nunca a nós mesmos” (Osho).