Casar?...Medo demais

Lendo " Quando Nietzsche chorou" me deparei com a seguinte frase:

" O casamento e seu séquito de possessão e ciúmes escravizam o espírito. Chegará o tempo em que nem o homem nem a mulher serão eternizados pelas fraquezas mútuas".

Levei um susto. Alguém com a mesma visão que eu tenho do casamento. Essa frase foi dita pela psicanalista Lou Salomé, que viveu sua vida e não esperou por ninguém para bem vivê-la.

E essa é visão que tenho de quem se casa. Alguém que não consegue sobreviver diante de si mesmo e espera encontrar-se no outro, na forma do amor, do eterno. Claro que não duvido que quem é casado é feliz e se encontrou nisso. Mas ainda tenho minha dúvidas e confesso muita curiosidade.

Observo meus pais. Casados há 43 anos e com uma convivência amistavél. Não consigo observar nada de diferente. Aí observo os recém-casados amigos meus, continuam os mesmos, talvez agora mais atormentados com o dobro de despesas que surgiram com a grande festa de comemoração.

Algum dia eu sonhei em entrar na igreja, como manda o figurino. Ainda sonho, mas sonho mesmo, não é algo que eu quero, que eu suspiro. Tenho vergonha de admitir, mas é isso que penso. Tenho medo do que isso pode mudar na minha vida, minha liberdade que eu venho lutando há sete anos para obtê-la. Não quero ser livre pelo casamento, como algumas pessoas que eu conheço.

Me confundo muito e me assusta o lance de viver felizes para sempre, porque o fato de saber que não serei feliz para sempre me deixa muito mal. Minha mãe sempre diz que eu só serei feliz quando tiver o que é meu. "Meu" segundo ela é casa, marido e filhos. Não quero isso para mim, não no sentido concreto. Quero ser feliz comigo e aí depois com alguém. Sinto que quanto mais querem me casar, mas eu tenho medo e menos quero me envolver.Pois todo envolvimento fere, confunde nossa vida e acaba. Sempre acaba.

Não é revolta. É medo, medo de ficar para titia, medo de encontrar um psicopata-estrupador-ladrão. Medo de não ser uma boa esposa como minha mãe, como minha irmã. Medo do divórcio, da traição, do ciúmes, dos filhos, de dividir a cama, o banheiro, a mesa.

Será que sou maluca. Será que não sonhar com vestido, festa, bolo e lua-de-mel é algo tão pecaminoso?...Ainda chocarei minha família, meus amigos?.

A verdade é que eu quero ser feliz mesmo. Se for sozinha que seja à melhor maneira. Se for acompanhada de um grande amor, que seja a melhor maneira. Não quero escravizar meu espírito, não quero me eternizar pelas minhas fraquezas. Quero uma convivência, quero algo que não me deixe pior do que me sinto em relação ao amor e suas conseqüências.Quero ver a felicidade em tudo. Sozinha ou casada?....Há sei lá...

Kukla
Enviado por Kukla em 15/03/2007
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