A COBRA MASTIGADA

Era a colheita do café. Maio. Friozinho de arrepiar.

O homem ia e vinha com sacos de grãos nas costas

descendo o cafezal e passando pelas mexeriqueiras

carregadas de frutos.

Fazia o mesmo percurso havia horas.

Lá pelas tantas, bastante cansado, ao passar, sentiu

no calcanhar uma picada. Continuou o caminho.

Retornou com novo saco nas costas e de novo

a picada no calcanhar. "Maldito galho de mexerica,

vou te cortar na volta".

Pela terceira vez ao passar sentiu a picada.

Resolveu parar.

Teve um susto ao ver a cobra, venenosa,

meio metro de cumprimento.

Não vacilou, pegou-a, segurando abaixo da cabeça

e saiu pelo caminho em busca do Posto de Saúde

mais próximo, que era bem longe.

O homem andava, andava, o calcanhar doía

e a cobra em sua mão

a se estrebuchar querendo sair.

Quanto mais andava, mais raiva tomava da cobra

que não parava de se balançar.

"E este Posto que não chega, pensava?"

Possesso de dor, olhou para a cobra

e sem perda de tempo

mastigou-lhe a cabeça sem dó

"Morre desgraçada!"

História verídica contada pelo próprio,

quando eu trabalhava em empresa de café.

Acredite se quiser!

Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 16/02/2013
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