Carona ao diabo

Um dia desses, eu dei carona ao diabo. Sinceramente, não sei o que o diabo pensa da vida. Ele me apareceu com o mesmo disfarce de seis anos atrás. Parece até que esqueceu quem eu era e tudo o que ele fez comigo. Era a mesma conversa, a mesma futilidade, as mesmas roupas exaladoras de odores promíscuos. Enxofre não! Cheirava a orgasmo! Até que o papo foi legal, mas o diabo está ficando velho. Seus truques estão super manjados. Por mais que ele tentasse rejuvenescer o disfarce, não tinha jeito.

Ele desceu do carro, sem dizer nada, mas com aquele olhar de quem diz “a gente se vê por aí”. A partir de então eu decidi, que iria atormentar o diabo, agora é minha vez. Pensei nisso o dia inteiro e cheguei à conclusão de que não valia a pena. Usar os mesmos truques pra me fazer sair da estrada, era a maior prova que o diabo estava arrasado, abatido, vencido.

Quem ri por último, mesmo que não ria melhor, fica com o gostinho do riso mais recente. E eu ri, discreto, quase sem mexer os lábios, quase sem perceber, mas ri por último. Adios diablo!

Marcelo Mosque
Enviado por Marcelo Mosque em 16/03/2007
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