FLASCH DA VERDADEIRA HISTÓRIA DO CARNAVAL DE MANAUS!

Comentários no link do blog: http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2013/03/flasch-da-verdeira-historia-do-carnaval.html

(À Humberto Amorim, o transformador da folia)

No ano de 1981, o Governo José Lindoso, decidiu oferecer ajuda financeira ajuda às Escolas de Samba de Manaus. Isso, praticamente mudou o que era desfile de “blocos de sujos”, “batucadas” e caminhões com pessoas em cima, subindo e descendo a Avenida Eduardo Ribeiro, para o que é hoje o carnaval de Manaus. Toda essa mudança se deu quando o novo Diretor de Turismo e Promoção da Empresa Amazonense de Turismo – Emantur, Humberto Amorim, foi nomeado Coordenador do Carnaval de Rua de 1980 e conseguiu convencer o Governo do Estado a doar dinheiro para que os grupos, batucadas e agremiações que passassem a ter uma melhor estrutura e se profissionalizar em Manaus. O governador Lindoso, levado por Humberto Amorim, visitou uma a uma as agremiações que existiam. Depois, com a ajuda financeira oferecida também pelo prefeito José Fernandes, o carnaval mudou seu formato, mas isso levou um tempo razoável e penoso para seu coordenador.

Humberto Amorim rígido, mas humano também, comprou briga com a imprensa por causa dessa sua atitude, mas tratou de reunir todos os dirigentes de Escolas de Samba no prédio da Biblioteca Pública do Estado, na Rua Barroso e, entre gritos e ameaças, propôs a criação de ajuda financeira do Governo do Estado para o desenvolvimento e profissionalização do carnaval de rua. Nessa reunião com os dirigentes de agremiações, outras decisões também foram aprovadas, como proibir que os blocos de sujos desfilassem no mesmo dia das batucadas, desfiles usando roupas tipo maiô foram proibidos, etc., mas na Câmara Municipal de Manaus, o então presidente da casa, vereador Carrel Benevides acusou Humberto Amorim de ser inimigo da cultura amazonense, ser seguidor do Aiatolá Khomeini por ter criado um dia só para blocos, outro para as batucadas e outro para as poucas escolas de samba que começavam a surgir, muitas originárias de blocos ou batucadas. Humberto Amorim foi até atingido com adjetivos ofensivos a sua honra pessoal.

Mas o carnaval em Manaus começou a mudar definitivamente um pouco antes, em setembro de 1979, na administração do governador José Lindoso, quando Humberto Amorim, foi nomeado como Diretor de Turismo e Promoção da Empresa Amazonense de Turismo e designado por seu presidente da Emantur, na época, Ítalo Bianco, para comandar e coordenar o Carnaval incipiente e desorganizado da cidade. O novo coordenador não mudou o carnaval, sozinho. Ele contou com a participação direta de muitas outras pessoas como o prefeito da época José Fernandes, que também decidiu oferecer ajuda aos carnavalescos. Muitas pessoas participaram direta ou indiretamente da transformação do carnaval incipiente do passado para o que ele é atualmente, como o jornalista Augusto Banega, empresário Marcílio Junqueira, o militar aposentado João Batista, que era dirigente do Grêmio Recreativo Escola de Samba “Em Cima da Hora”, a única que possuía uma quadra de ensaio, construída em um terreno emprestado pela Igreja de Educandos. Era, também, naquela época, a mais estruturada e organizada de todos que desfilavam. Nessa época, quem tinha um bloco de carnaval ou cordão também tinha uma agremiação folclórica.

Naquela mesma época, na Praça 14 de Janeiro, “Tia Lindoca”, já sexagenária e simpática, comandava os ensaios da Escola de Samba “Vitória Régia” em um terreno de 4 X 20. Também tiveram importância na transformação do carnaval, Manoel Alexandre, Ítalo Bianco, Cézar Luiz Bandeira, primeiro presidente da Escola de Samba “Aparecida”, Aurton Furtado Júnior, Totonho Auzier, Gilson Lima, Maria de Lourdes Israel de Azevedo, Jucelina, Dorinha, Fernando Demasi, Onias Bento, Juscelina e José Sarmanho.

Em 1979, O GRES “Unidos da Selva”, o embrião de todas as outras Escolas de Samba que vieram a ser fundadas depois, não desfilava mais. Mas, outras passaram a existir como a GRES “Em Cima da Hora”, fundada por dissidentes da “Unidos da Selva”; “Batucada Baré”, comandada pelo folclórico Maranhão; “Batucada do Rio Negro”, liderada por Enédio Negreiros; a “Balaku Blaku”; Bloco “Andanças de Ciganos”, comandada por Wilson Benayon (vereador mais tarde); “Reino Unido da Liberdade”, comandada por Bosco Saraiva (vereador e deputado estadual); e “Unidos da Raiz”, comandada pelo radialista José Maria Monteiro (se elegeu vereador). Todas elas eram as atrações principais no carnaval de Rua de Manaus até 1979, ano do ultimo desfile na Avenida Eduardo Ribeiro, e depois, em 1980 foi transferido para a Avenida Djalma Batista, com uma melhor infra-estruturar.

Um dos mais famosos blocos, o “Clube da Mocidade”, ainda desfilava em cima de um caminhão, com pessoas ilustres da sociedade manauara, comandado pelos irmãos Andrea Limongi e Flaviano Limongi e o empresário português Belmiro Vianez. Nesse bloco desfilavam os médicos Teomário Pinto da Costa/Dulce, e muitas outras pessoas da mais elevada sociedade de Manaus, além de muitos empresários também. Depois que Humberto Amorim assumiu como Coordenador de Carnaval da Emantur, esses blocos foram proibidos de desfilar junto com as Escolas de Samba, que ainda eram incipientes. O Bloco formado por jornalistas bêbados “Liberdade de Expressão”, foi proibido de desfilar exatamente por essa razão: não era no dia das escolas; teria que desfilar junto com os blocos! Mas tinha que ser informado à Emantur, o que não foi feito!

Devido às ameaças, inclusive as da imprensa, de que os blocos de sujo continuariam desfilando, o Coordenador do Carnaval de Rua de Manaus, mandou construir uma porteira na esquina da Rua Pará com a Avenida Djalma Batista e pintar de branco toda a área de asfalto do desfile. O poeta Anibal Beça, os irmãos Lobo, o empresário Kió, o violonista Reinaldo Buzaglo e o economista e pianista Francisco de Assis Mourão, fundaram o Bloco “Sem Compromisso”, o único autorizado pelo governador Lindoso, a desfilar junto e no mesmo dia do desfile das Escolas de Samba, mesmo sem concorrer.

Muitas inovações foram feitas depois que Humberto Amorim assumiu a Coordenação do Carnaval em Manaus: a administração José Fernandes, a partir de 1981 nomeou como coordenador do carnaval representando a Prefeitura, o jornalista Augusto Banega, que passou a ajudar financeiramente as agremiações, além de mandar construir arquibancadas na Av. Djalma Batista.

Humberto instituiu a escolha da Rainha e do Rei Momo em praça pública na Praça Francisco Pereira da Silva (Bola da Suframa) um mês antes do Carnaval, em janeiro que chegou a ter a participação de quarenta candidatas e grande publico. Antes, quando o Carnaval se desenvolvia na Avenida Eduardo Ribeiro, tanto o Rei Momo quanto a Rainha do Carnaval eram escolhidos e anunciados na noite da terça feira gorda durante um determinado intervalo nos desfiles. O corpo de jurados era tradicionalmente formado pelos radialistas das Rádios Baré, Difusora e Rio Mar, que transmitiam o carnaval, cada uma no seu palanque. O Rei e a Rainha só reinavam até o fim do desfile. Foi na gestão do Humberto como coordenador que aconteceu em 1981 a eleição do primeiro “Cidadão do Samba”. Os concorrentes tinham que demonstrar para o júri, suas habilidades com sete instrumentos musicais. Torrado, conhecido sambista e representante da GRES Vitória Régia foi escolhido o primeiro Cidadão Samba de Manaus. No ano de 1982, Maranhão, dirigente da Batucada Baré foi o escolhido o segundo Cidadão Samba da cidade.

Mais inovações foram introduzidas por Humberto Amorim: foi instituída a colocação de cabines separadas na Avenida Djalma Batista separando os jurados; fundada a Federação dos Grupos Carnavalescos do Amazonas, que depois se transformou na Agesma, a Banda Blue Birds era contratada para animar os espectadores que compareciam à Avenida. Foi também criado um regulamento para os desfiles e fundadas as Escolas de Samba Rio Negro, Balaku Blaku, Sem Compromisso, Unidos da Raiz, Andanças de Cigano, Guerreiros do Vinho e Reino Unido da Liberdade.

Em 1984, depois de ter revolucionado o Carnaval de Rua de Manaus, Humberto Amorim se retirou para bem longe do brilho e da doce ilusão do carnaval e nunca mais pisou no sambódromo. Hoje, assiste orgulhoso e gratificado os desfiles das escolas pela TV e aproveita para lembrar de muita gente que no passado ajudou a construir o carnaval, dando-lhe uma condição satisfatória para ele prosseguisse depois com suas próprias pernas. Mas foi Humberto Amorim, a pessoa que construiu a base de tudo que hoje se vê.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 07/03/2013
Código do texto: T4175554
Classificação de conteúdo: seguro