PAI, OU AMIGO?

O tempo não o esvaeceu. Apenas elevou-o até o seu Criador Onipotente. Aqui na Terra, com simplicidade e muitas vezes com astúcia, cumpriu sua missão. Um eterno apaixonado. Quietinho, mas nunca cansado. Verdadeiro. Batalhador. Sensível. Inquieto. Amigo e companheiro.

Com a foice ou com o martelo, com a enxada ou com a seringa nunca viveu na restinga da vida. Cuidava de suas crias. Quando necessário não media esforço para salvar os animais inocentes, que carentes exigiam proteção, fosse contra doença, cachorro selvagem, ou até a raposa no galinheiro.

Certo dia chorou por não ter conseguido salvar a vida de sua estrela recém-nascida que, não se soube o porquê, morreu sem doença aparente com poucos dias de vida, deixando triste, não só sua mãe, a maior vaca leiteira, mas todos os animais, que assim como ele, sentiam a dor da separação.

De madrugada, ou qualquer hora, não media força e sempre estava pronto à luta. Sua conduta era a de um Rei, não um mandante, mas um governante que amava os seus, fosse quem fosse, gente ou animal. Se carecesse de ajuda, lá estava ele, com tudo de bom que possuía. Até com seu coração.

Filósofo caipira. Lia a Bíblia diariamente. Era a sua oração. Quando falava da vida não tinha ressentimento. Amava o sertão, a viola, a catira, e todas as manifestações sertanejas. Quando em público, com aura maior que lampejo cativava os presentes. Não com palavra eloquente, mas com seu ser e semblante de Pai e de irmão.