LUGAR DE HOMEM É NA COZINHA


A frase título é uma provocante inversão à ordem “natural”, que em décadas passadas impunha o oposto: cozinha é lugar de mulher.

Num tempo não muito distante, realmente, cozinha era um reduto exclusivamente feminino. Dizem os daquela época que homem metido a cozinheiro era visto com olhar duvidoso. Mas os tempos modernos inverteram tantas coisas, e, na relação homem e mulher os papeis, ou melhor, as tarefas, se igualaram. Tanto pelo que exige a praticidade da vida moderna, como pelo que regula o Código Civil, destituindo a autoridade patriarcal do antigo “chefe de família” ou “cabeça do casal”, e atribuindo a ambos iguais poderes, obrigações e responsabilidades.

Preâmbulo à parte, homem na cozinha agora é moda. Digo também jamais ter feito qualquer coisa na cozinha enquanto solteiro. Não por questão de preconceito meu ou por parte das mulheres de minha casa. É que nunca houve necessidade sequer de eu fritar um ovo ou passar um café.

Houve um período em que a casa onde morávamos, no Guará, foi reconstruída.Tive que me acomodar numa república de estudantes na 711 Sul. Foi aí que tive de me virar no café da manhã ou à noite improvisando um “rango”, como diziam os meus colegas. Guardo dessas experiências a lembrança do arroz com quiabo. Um “vexa” hilariante a que me recuso contar.

Casado há três anos, não posso dizer que mando bem na cozinha. Não só por dispor de pouco tempo, mas também por não ter habilidades além do trivial. O pouco que sei aprendi com as experiências as quais me submeti nos encontros promovidos por grupos de jovens (Retiros espirituais), onde se fazia de tudo; desde as palestras à limpeza do ambiente e também as tarefas de cozinha. Eram encontros masculinos, e os novatos, que nada sabiam de cozinha, auxiliavam noutras tarefas. Lavar pratos, cortar verduras e outras coisas. Eu, que nunca havia feito sequer um simples bife, não me atrevia a pilotar aqueles gigantescos fogões.

O casamento me fez vivenciar algumas experiências cotidianas que a imprevisibilidade impõe. Não diria ser um cozinheiro, pois esta é uma arte pela qual só tenho gosto para os cardápios. Falta-me o talento para prepará-los. Apenas dou minhas colheradas no trivial. Invento (ou engano) bem. Faço um arroz soltíssimo, preparo um lagarto recheado, de dar água na boca; faço uma macarronada (à minha maneira) cuja receita eu não divulgo. Claro, também, aquele filé ao alho, sal, manteiga e um pouco de vinho. E chega. Se não, leitor, você vai querer me contratar ou vir à minha casa almoçar para conferir. Esta segunda hipótese é mais provável, mesmo que rara, pois só vou à cozinha em momentos especiais, para não dizer de improviso. E tem mais: não conte a ninguém essas minhas aventuras culinárias. A Ana Maria Braga poderá chamar-me, e eu não a suporto, muito menos aquele Louro José. “Só Jesus na causa!” Mesmo porque não sou ator, nem cantor, nem padre, tampouco um ex BBB. Não sou um cozinheiro poeta. Quando muito, sou um poeta que cozinha e que adora comer. Se as mulheres gostam, então elas que digam: lugar de homem é na cozinha.
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A GATA E O QUEIJO

A gata arranhou o rato
Por causa do queijo
O rato a roeu
A gata o mordeu
O rato cuspiu
A gata pisou em brasa
Quando descobriu
O queijo lá dentro de casa.

 
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 18/03/2013
Reeditado em 18/03/2013
Código do texto: T4195276
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