Alguns momentos...

Quando nem tudo parece o suficiente, quando apenas um suspiro parece matar. Quando um olhar ardente corta o ar, fere-te as costas e lança-te ao mar...

Quando tudo merece ser esquecido!

Sinto uma fúria enorme corroer meu coração, a furia de palavras não ditas. Letra de música esquecida em alguma gaveta obscura de uma velha casa onde só habitam hoje pensamentos funestos...

Quando morre o poeta não há mais esperança?

Desejava desenhar com palvras, colorir com sonhos bons um belo amanhã. Bom e belo: pleonasmo?

Eu prefiria não ter sentido nada a ter hoje falta de algo que jamais terei.

Serão os deuses perfeitos?

Perfeitos os dias não extintos de um futuro hibrido de desilusões e sangue, sangue que escoa pela ponta dos dedos e toca o chão com um reflexo filósofico de quem sabe que não tem mais amanhã.

As rosas já não têm tantas pétalas como outrora, os cantos não soam mais como um dia, no entanto eu ritmo: soluço, gargalho, finjo... pinto falsos dias.

Não tenho saudades inoportunas, tenho erros que despontam como espinhos. Os miosótis um dia foram singelos, marcava que longe dali sempre havia esperança plantada em flor... hoje não me dizem mais nada.

Tantas coisas já fizeram sentido, tantos sonhos ficaram mal-resolvidos..

Não queria ser apenas isto que sou, sôou como o velho sino que quebra, mas em um último momento, seu lamento, corta, despedaça, tanto o mundo quanto a si mesmo.

Criamos labirintos, como Dédalo, para nos perdermos dentro deles; criamos os problemas para não resolvê-los e os sonhos para jamais alcançarmos!

Eu só queria poder não pensar em nada e viver... viver um momento perfeito, como um reflexo de luz no espelho, o desdobrar de cores de um prisma e uma madrugada em que tudo que se tem são: o céu estrelado, o perfume da manhã que chega, o suor da noite que saí e prazer te ter sido feliz...

Ev
Enviado por Ev em 20/03/2007
Código do texto: T419692