UMA PALAVRA DE ESPERANÇA (PARTE - 1)
UMA PALAVRA DE ESPERANÇA (PARTE - 1)
Ela passava todos os dias pelo mesmo local, e podia observar aquele jovem dormindo sob os papelões naquele chão frio, próximo a saída do metrô. Seu tempo era curto, precisava chegar cedo ao trabalho e não se daria ao luxo de parar para falar com aquele desfortunado; seu emprego era mais importante!
Na volta para casa, sempre o encontrava sentado, pedindo uma esmola para comprar um pedaço de pão ou qualquer outra coisa que pudesse matar um pouco da fome que sentia diariamente. Ela mesmo por algumas vezes, já lhe tinha dado moedas (sempre as que não lhe fariam falta), e achava que já estava fazendo um grande benefício para o seu próximo.
Afinal, todos os fins de semana, lá estava ela; sentada no banco da igreja ouvindo sobre os feitos de Jesus, de como Ele agia em favor dos mais necessitados e de como Ele empregava o amor em tudo o que fazia.
Mas ela tinha um pensamento que, não era necessário ser como Jesus, para ser uma pessoa boa para com o seu semelhante; bastava não desejar o mal para ninguém, ir na igreja nos domingos e ler a Bíblia quando sentisse vontade. Talvez, essa fosse a razão pela qual ela nunca parou para falar uma palavra de esperança para aquele jovem.
Certo domingo, estava ela no culto e o Pastor da igreja pregou sobre o livro do profeta Ezequiel, no capítulo trinta e três e versículo oito. Aquela palavra ficou gravada em sua mente: “... E TU NÃO FALARES... MORRERÁ ESSE ÍMPIO NA SUA INIQUIDADE, PORÉM O SEU SANGUE EU O REQUEREREI DA TUA MÃO”. No final, o Pastor ainda recomendou aos ouvintes:
- Lembrem-se; uma palavra de esperança, pode mudar totalmente a vida de alguém!
Chegou em casa e a palavra não parava de martelar a sua mente, mal conseguia dormir e não podia entender por qual razão. Algo queimava em seu coração e uma lembrança lhe correu à memória: aquele jovem na saída do metrô! Decidiu que sairia mais cedo na segunda feira e tentaria falar com ele.
Na manhã bem cedo, procurou pegar a primeira condução. Ao saltar, olhou ao redor até visualizar o jovem que procurava. Não demorou e o encontrou deitado sob a marquise e coberto apenas por um trapo velho e rasgado que mal lhe protegia do frio. Temerosa e com medo, sem saber qual seria a reação dele ou das outras pessoas que estavam próximas, seguiu em frente; algo lhe dizia no coração para não desistir. Chegou e agachou-se ao lado dele, tocando em seu ombro disse:
- Oi! Pode me ouvir?
Lentamente ele virou-se na direção de onde escultara a voz e abriu os olhos:
- Posso falar com você? Um só momento e eu te deixo dormir novamente! - Ela esboçou um sorriso;
- Tudo bem! Pode falar! - Ele sentou-se e puxou o pedaço de papelão para cima de seus pés;
- Você já ouviu falar em Jesus? - Começou ela timidamente;
- Muitas pessoas me falam sobre Jesus, mas ninguém até agora usou para comigo, um de seus gestos!
- Como assim? - Perguntou ela surpresa, com a resposta dele;
- Todos os dias, dúzias de pessoas passam e me entregam um folheto, me falam como Jesus pode mudar a minha vida e de como Ele me ama; mas ninguém me ensina como fazer para que Ele transforme a minha vida!
- E você já perguntou para alguém como fazer? - Perguntou ela;
- Eles só me respondem que eu devo procurar uma igreja e aceitá-lo! Só que parece que elas tem medo de me levarem na igreja, achando que eu vou roubar ou fazer qualquer outra coisa! - Respondeu ele;
- E se eu te convidar para ir na igreja no domingo, você aceita?
Ele olhou fixamente nos olhos dela, que a fizera sentir um sentimento diferente ao contemplá-los, e respondeu:
- Olha, fazem dois meses que eu estou aqui neste mesmo lugar, observando você passar por mim, as vezes me deixar algumas moedas e ir embora!
- Você estava me observando? - Perguntou ela surpresa e se pondo de pé;
- Sim! Me perguntava quando você teria coragem de vim falar comigo. Alguma coisa me dizia que era você essa pessoa!
- Por qual motivo? - Ela ainda não estava entendendo;
- Foi em uma madrugada que chovia bastante, eu cheguei a pensar que iria morrer de frio. Eu não sei se foi sonho ou se aconteceu de verdade, mas um homem, parou ao meu lado e tocou em meus braços e no mesmo instante o frio foi embora...
- Um homem te tocou? - Ela voltou a se agachar ao lado dele;
- Um toque como eu nunca senti antes! Aí ele me falou que a minha situação iria mudar em pouco tempo, que chegaria uma mulher e iria me fazer um convite e que eu devia aceitar este convite!
Ela encostou as costas na parede e sentiu seu coração acelerar, uma calor lhe corria o corpo e uma paz lhe invadiu a alma, esperou que ele continuasse:
- Ele ainda me falou que eu devia falar para essa mulher, fazer algo antes de eu mesmo aceitar o convite dela. Eu não entendi direito...;
- O que foi que ele te mandou falar? - Ela fez a pergunta, mas sentia no coração que o recado era para ela;
- Que era para ela fazer o que ela ouviu na noite passada!
Imediatamente, a lembrança da pregação da noite anterior, lhe veio à mente! Duas lágrimas lhe caíram dos olhos e ela sentiu que precisava fazer aquilo naquela hora e naquele momento. Levantou-se e falou de Jesus para aquelas pessoas deitadas sobre o passeio. Após chegar até a última pessoa alí presente, retornou para próximo do jovem:
- Parece que você tirou um peso da sua mente! - Disse ele assim que ela parou ao seu lado;
- Da mente não; do coração!
- Sabe, essa foi a primeira vez, que alguém parou e falou de Jesus para todos nós ao mesmo tempo! Eu aprendi que quando alguém nos encorajam através de uma palavra boa, a esperança de mudarmos de vida e saber que existe um Deus que ainda nos observa, é confortante!
- Eu vim trazer uma palavra de esperança, e você é que me deu esta palavra!
- É assim mesmo; deus trabalha de um jeito que nenhum de nós entende!
Ela concordou com ele e levantou-se, acertando de voltar e combinar como iria levá-lo para a igreja...
EMANNUEL ISAC