UMA PALAVRA DE ESPERANÇA (PARTE - 2 "FINAL").

Passaram-se dois dias sem que ela o encontrasse novamente. Perguntou por ele as outras pessoas as quais tinha falado sobre Jesus, mas ninguém o viu. Entristeceu, por pensar que ele sumiu por não querer ir à igreja com ela. Uma mulher que vivia na mesma situação que a dele, ao vê-la triste, lhe fez uma pergunta:

- Você já orou a Deus, perguntando qual é a vontade dEle pra esta situação?

Aquelas palavras ecoaram em sua mente, como se fosse uma música repetindo por muitas e muitas vezes. Ao sair do trabalho, resolveu ir direto para a igreja. Conversou com Deus naquela noite como nunca tinha feito antes, apresentou aquele jovem e falou para Deus o seguinte:

- Se for da Tua vontade, permita que eu encontre aquele jovem novamente e o traga a sua casa, para que o Seu espírito, possa trabalhar naquela vida, como está trabalhando na minha! - Terminou o culto e foi para casa confiante que a sua oração, seria atendida!

Naquela noite, ela teve um sonho, onde ela via aquele jovem sentado na asa de uma avião, lançando no ar folhetos de mensagens evangélicas. Aqueles folhetos caiam sobre pessoas deitadas sobre papelões e assim que elas os liam, as vestes esfarrapadas e sujas, se transformavam em lençóis brancos, tão alvos como a neve!

Acordou repentinamente, e passou o restante da madrugada acordada, pensando no sonho. Antes de sair, resolveu abrir a Bíblia e parou justamente no Evangelho de Mateus, no capítulo vinte e cinco. Começou a ler o texto e sua atenção se prendeu quando chegou no versículo trinta e três; chegou até o versículo quarenta e ficou admirada com aquela passagem.

Mas ao chegar no verso quarenta e um, sua alma se encheu de um temor como ela nunca havia sentido; leu os restantes dos versículos até chegar no quarenta e seis, tremendo as mãos e com o coração palpitando. Sabia que precisava mudar suas convicções diante daquela verdade que acabara de ler.

Ao fechar a Bíblia, ouviu nitidamente a frase: “VOCÊ TEM QUE CUIDAR DELE!”. Olhou para trás assustada, à procura de alguém mas, nada! Seu coração acelerou mais ainda; levantou-se, vestiu a roupa e saiu para o trabalho. Foi pensando naqueles versículos e acabou pegando no sono com o balanço do coletivo.

Acordou quando ouviu mais uma vez a voz dizer: “VOCÊ TEM QUE CUIDAR DO MEU SERVO!”. Abriu os olhos, novamente assustada e percebeu que já era hora de saltar. Ao sair, deu de frente com aquele jovem; ele estava sentado no canto da banca de jornais. Aproximou-se dele e falou:

- Procurei por você esses dias e não te vi aqui!

- Eu fui resolver um problema! – Disse ele de cabeça baixa;

- Problema? Que tipo de problema?

- Familiar!

- Você tem família por perto? – Perguntou ela, sentando no banco próximo à ele;

- Tive! Eles não se importam mais comigo!

- Porque você diz isso?

- Eu causei muita tristeza para eles. Fiz coisas que nunca deveria ter feito. Eles tentaram me ajudar, e eu não quis! – Ele respondeu, deixando as lágrimas caírem;

- Você tentou falar com eles novamente?

- Foi por esta razão que eu sumi estes dias!

- E conseguiu falar com alguém de sua família?

- Meu irmão mais velho nem permitiu que eu me aproximasse da casa..., e com razão... – Ele suspendeu a cabeça e olhou nos olhos dela;

- Mas Jesus vai mudar esta situação! – Disse ela, tentando confortá-lo ao notar a tristeza que emanava do seu olhar.

Os dois permaneceram em silêncio por um bom tempo. Finalmente, ela falou:

- Amanhã é quinta-feira! Geralmente eu não vou à igreja durante a semana por causa do trabalho, mas eu passarei aqui às quatro e meia e quero te encontrar!

- Mas não era no domingo que você ia me levar para a igreja? – Perguntou ele;

- Era! Mas creio que amanhã, é um bom dia! Quero dizer..., qualquer dia é bom para falarmos com Deus!

Ele sorriu de um jeito que a deixou encabulada. Antes de ir embora, ela tirou de dentro da bolsa um pequeno embrulho e entregou a ele...

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Quinta-feira, no horário combinado, ela passou em frente à banca e esperou. Não demorou muito e ele surgiu vestido com uma calça jeans velha e meio suja, uma camisa dois números acima do dele e uma sandália de couro que deixava à mostra suas unhas crescidas.

Ele permaneceu encostado na banca, como se quisesse esconder-se dela. Ela sorriu ao vê-lo e foi em sua direção:

- Qual é o problema? – Perguntou ela sorrindo;

- Estou com vergonha..., olha as minhas roupas! – Ele mostrou-se por completo;

- E qual é o problema?

- As pessoas vão rir de mim! – Disse ele sentindo pena de si próprio;

- Jesus disse: “VENHA DO JEITO QUE ESTÁ!”, e você está indo do jeito que se encontra no momento!

Com um pouco de custo, ela conseguiu convencê-lo a entrar no coletivo, para ir até a igreja. Assim que ele entrou, o motorista levantou do banco para fazê-lo descer, mas ela subiu em seguida e respondeu que aquele jovem estava com ela e ela iria pagar a passagem. Muitos passageiros a olharam de lado, sem entender o que estava acontecendo direito, mas ela não se importou.

Seguiu com ele para o fundo do ônibus e foi falando para ele não dar importância aos olhares. Lembrou que Jesus também fora discriminado. Meia hora depois, os dois saltavam e seguiam para a igreja. Ela entrou primeiro e parou na porta, olhou para trás e fez um gesto com a mão para que ele prosseguisse.

Ao entrar na igreja, ela fez questão de levá-lo para o banco da frente. Em pouco tempo, o culto começou e o Pastor ao subir no púlpito, sorriu e balançou a cabeça em sinal de afirmação ao contemplar aquele jovem sentado ao lado daquela ovelha.

Naquela mesma noite, após a pregação, na hora do apelo ele estendeu as suas mãos para o alto e aceitou o convite para se tornar servo de Jesus Cristo! O Pastor ofereceu a ele o quartinho que ficava nos fundos da igreja e os membros fizeram uma doação de roupas para ele.

Já se passaram dois anos e hoje, olhando para o púlpito da igreja, vejo o Presbítero Juliano contando essa história de como UMA PALAVRA DE ESPERANÇA mudou a sua vida. Ele olha na direção em que estou sentado, eu olho para o lado e vejo a sua esposa Maria, segurando a filhinha deles de um ano e meio no colo, enxugando as lágrimas ao lembrar que ela, foi o instrumento que Deus usou para chegar até ele...