Crescimento e Córtex

Como tudo no Brasil é uma questão de dar um jeitinho, o próprio governo brasileiro através de seu Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após sofrer intermináveis críticas nos últimos meses pelo baixo crescimento econômico, resolveu dar o seu jeitinho, adotando medidas práticas para calar (pelo menos momentaneamente) a crítica e dar ao país uma cara de menos pobre. Dessa vez, o jeitinho foi a “mudança na metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB)". Umas mexidinhas aqui e acolá no “x” e no “y” e pronto: da noite pro dia o Brasil já era outro, melhor, claro. Os novos resultados apontam que:

a) Entre 2002 e 2005 o PIB foi "maior" do que se pensava.

b) Durante os últimos anos do governo FHC o PIB foi "menor" do que se pensava.

c) A dívida pública (calculada proporcionalmente ao PIB) diminuiu.

d) A carga tributária, também em termos proporcionais ao PIB, sofreu redução.

Enfim, com uma calculadora só, o governo conseguiu resolver três grandes males que atormentam a vida de todos nós brasileiros,trabalhadores e empresários.

Enfim, o espetáculo do crescimento.

Paralelamente a essa excelente notícia de crescimento econômico, nossos representantes já tomaram as devidas providências para distribuir melhor essa riqueza e irão encaminhar nos próximos dias ao senado e câmara proposta de aumento de seus próprios salários (presidente, ministros e parlamentares) em mais de 20%. Eles merecem.

Enquanto isso do lado de cá, o povo, da mesma forma, será recompensado com a "diminuição" dos rendimentos da caderneta de poupança e do FGTS, devido a umas pequenas mudanças também no “x” e no “y” da TR (taxa referencial), realizada pelo governo, por solicitação dos bancos.

Para concluir, a Revista Nature publicou nesta quarta um estudo sobre a influência de uma região específica do cérebro (ventromedial do córtex pré-frontal ) nas atitudes que envolvem julgamento moral. A pesquisa revelou que as pessoas que sofreram traumas nessa região tomaram decisões "sem" considerações morais, de forma fria e racional, totalmente desvinculadas de sentimentos.

Só nos resta saber onde que nossos representantes bateram a cabeça quando crianças.

Josué Mendonça
Enviado por Josué Mendonça em 23/03/2007
Reeditado em 23/03/2007
Código do texto: T422675