O CIÚME QUE TEVE FIM

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Isaura era uma belíssima dama da sociedade, esposo do Dr. Santiago um dos poucos médicos da cidade e famoso clínico geral. Apesar do seu jeito calado e de homem sério, contavam as más línguas que dentro do hospital onde ele passava grande parte de seu tempo, tinha lá seus casos.

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D. Isaura preferia não escutar as insinuações e muito dedicada que era as suas obras sociais, convivia muito bem com esta situação. Ciúmes mesmo, ela só tinha da Sara uma prostituta de famoso bordel da cidade visitado por todos as autoridades e gente importante, após o expediente do dia a dia. Ao serem inquiridos pelas esposas ciumentas eles juravam de pés junto que só iam lá para beber com os colegas e jogar conversa fora.

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A elegante Isaurinha só descia do sapato alto quando de alguma forma sabia que seu esposo tinha estado naquele harém. E quando alguém dava notícias que a Sara estava comprando remédio na farmácia, ela ficava louca porque desconfiava que teriam sido passados pelo esposo.

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De propósito contavam – lhe detalhes da vida de Sara. Sara está com febre, Sara fez uma cirurgia e aquilo era a certeza que o médico estava sempre ao lado da prostituta acompanhando e prestando seus serviços e quem sabe de forma carinhosa e prestativa. Este era o único motivo que balançava o alicerce do casamento que já perdurava por mais de 20 anos.

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Todos comentavam da beleza da mulher causadora de tantos ciúmes, de suas joias, de suas roupas, da riqueza do quarto da prostituta que tudo era mantido pelas pessoas alto poder aquisitivo. Os lençóis de seda, as peças de porcelana, os jarros de cristal sempre com flores naturais presentes dos seus “amores” era assunto que circulava nos cochichos das rodas sociais.

O bordel era uma atração da cidade. Qualquer viajante, turista que passasse no local teria que visitá-lo e pelo menos conhecer Sara e seus aposentos afamados por exalar perfume especial.

Para tristeza de todos, uma virose deixou Sara de cama vários dias, com febre alta, mau estar, tonta, dando vertigem, com vômito e tão fraca que quase não conseguia se expressar. Dr. Santiago se mudou para o prostíbulo. Ficou na cabeceira da enferma dia e noite. Até foi ventilado a ideia de levá-lo para a capital, mas o médico da paciente disse que se garantia. Ela iria ficar boa.

Interessante que ela ganhou rezas, missas, promessas de todo mundo até das madames da cidade que tinham ciúmes dela com seus esposos. E por conta desta corrente de oração e dos cuidados médicos não é que a meretriz se recuperou.

Sara agradeceu a todos que oraram por ela através de uma mensagem publicada no jornal. Mas, o agradecimento de Dr. Santiago foi especial. Escolheu o abajur mais belo e mais caro que tinha no seu quarto e doou como gratidão a esposo do seu médico. Quando ele adentrou com aquela joia raríssima em sua residência a Dr. Isaura ficou deslumbrada. Apreciava cada gota de cristal que compunha a franja da cúpula do abajur. Estudou os detalhes dos adereços e depois colocou na cabeceira de sua cama.

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Fazia questão de apresentar as amigas o valioso presente. E dizia com muito orgulho que foi presente de Sara. O ciúme acabou e ainda comentava que aquele presente trouxe mais aconchego na relação do casal e principalmente nas noites de amores.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 07/04/2013
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