MUITO IMPORTA X POUCO IMPORTA

Hoje fiz um backup de algumas fotografias e percebi que pouco importava. Sim, pouca coisa na vida importa de verdade. Meu cartão de memória tinha somente 4GB de espaço e era muito pouco pra tanto arquivo que eu precisava salvar, então percebi que deveria escolher.

Meu computador pessoal é também uma ferramenta de trabalho; então, além de minhas memórias, guardo nele a memória de muitos grupos, cidades, escolas, pessoas, bichos, objetos, cheiros, sons e gestos... fotografias e depoimentos que um dia foram trabalho pra mim e hoje são somente arquivos.

Comecei a escolher o que salvar e decidi dividir ao meio a carga de memória que eu tinha: 50% documentos de trabalho e 50% documentos pessoais... isso não deu certo. Pensei então em salvar somente os arquivos de trabalho, pois alguém, um dia, poderia precisar destes documentos; mas... e minhas memórias? Onde ficariam? Mais uma vez, entendi que não daria certo.

Cogitei então a possibilidade de salvar somente minhas memórias, fotografias e vídeos de momentos felizes ao lado de minha família, amigos e amor. Mas... e o trabalho, que me proporcionou muitos destes momentos maravilhosos que passei, onde ficaria? Não precisa ser muito inteligente para entender que isso também não daria certo.

Dedilhando o teclado, resolvi então versar estas palavras para dizer o que eu realmente acho sobre trabalho e memória pessoal. O que realmente importa na vida? Muitos diriam que, para resolver o meu problema, eu precisaria comprar um mecanismo de salvaguarda mais potente. No entanto, por enquanto, conto com somente 4GB e 24 anos de idade, então preciso selecionar o que realmente importa.

Olhei minhas fotos: pastas de festas que frequentei, escolas em que trabalhei, viagens que fiz, monumentos históricos que conheci, cidades por onde passei, fotos de eventos familiares, de pessoas que amo, de palestras que ministrei, vídeos de falas sobre o Patrimônio Histórico... enfim, muitos documentos que contam um pouco sobre como tem sido a minha vida nos últimos anos.

Pouca coisa destes documentos realmente importa. Minha vontade de preservar alguns documentos mais do que outros me evidenciou isto; coisa nova para mim. Pouca coisa na vida importa! Meu trabalho é digno, preservo a história e guardo a memória das outras cidades, mas isto para mim é só trabalho. E o trabalho pouco importa na vida, não pode ocupar 50% dela, pois se trata somente do meio que encontrei para pagar minhas contas e garantir um futuro melhor, para mim e para meu habitat natural.

E as memórias de festas, shows e viagens que fiz nos últimos anos... não senti lá muita vontade de salvar estes arquivos porquê, na verdade, isso pouco importa! Esse tipo de momento de recreação é uma maneira que o ser humano encontra para relaxar e esquecer momentaneamente suas frustrações, desgostos e cansaço provocado pelo trabalho excessivo ou por questões pessoais não resolvidas, para as quais, erroneamente, damos grande importância.

Olhando pasta após pasta percebi-me catando uma foto ou outra em que apareço ao lado de amigos, família e de meu namorado... construí uma pasta de 4GB, aproximadamente, para a qual eu dei o nome de: MUITO IMPORTA. Aí está: enfim encontrei aquilo que muito importa na vida! As pessoas que conheci, as trocas de experiências, os bons e maus momentos, é isso que realmente importa na vida.

Não se trata de dividir a vida em trabalho, festa, família, amor, diversão, problemas e soluções, como se divide um arquivo em pastas. Trata-se de reconhecer o cotidiano como o caminho da vida. E a vida, meus amigos, essa sim! A vida é o que na verdade MUITO IMPORTA!

Abraços,

Anja do Tempo

Anja do tempo
Enviado por Anja do tempo em 10/04/2013
Código do texto: T4233557
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