O DATILÓGRAFO

Dos vários diplomas que recebi na vida, tenho três que guardo com carinho, um de “Datilografia” obtido em 25/03/1955 aos 16 anos em Belo Horizonte/MG, outro de “Técnico em Contabilidade” em 23/01/1968 aos 29 anos em São Paulo/SP e outro de “Bacharel em Direito” pela UNICAP do Recife/PE, recebido em 03/10/1979 aos 40 anos de idade.

Minha saudosa mãe, Flaviana, fez questão de que todos os seus dez filhos estudassem datilografia, pois acreditava que essa habilidade abriria as portas para um bom emprego, no que tinha absoluta razão. Assim foi que eu, ginasiano ainda, estudei na antiga “Escola Darci Vargas”, na Floresta, Belô, tornando-me um hábil datilógrafo, capaz de dar mais de 180 toques por minuto na máquina “Remington” da escola, o que me possibilitou, por exemplo, passar num concurso para funcionário no antigo “Banco da Lavoura de Minas Gerais”, na Praça Sete, mos anos 50.

Lotado na “Carteira de Cobranças da Praça”, na sede do banco, no segundo andar do “Edifício Clemente de Faria,” na Praça Sete, fazia parte da equipe de funcionários comandada pelo Sr. Alvarenga, onde junto com o Aloísio e o Manoel nos destacávamos pela velocidade imprimida nas máquinas de escrever. Os clientes do banco, do outro lado do balcão do atendimento, ficavam boquiabertos com a nossa destreza. Nós três, datilografando ao mesmo tempo, éramos como soldados disparando suas metralhadoras em campo de batalha!...

Do “Banco da Lavoura”, ano e meio depois, saí contratado pela “Estacas Franki Ltda.”, uma empresa belga de estaqueamento para grandes edificações, onde tive um impulso considerável na minha carreira, sendo promovido para a Filial de São Paulo/SP e, assim, alçando vôo naquela empresa internacional.

Da “Estacas Franki Ltda.” fui para a “Encyclopaedia Britânnica do Brasil”, cinco anos mais tarde, onde permaneci por quinze anos, viajando por quase todo o país, destacando-me e assumindo cargos importantes até a minha saída em 01/08/1980. Foi uma época áurea e de belo aprendizado em minha vida. De 1980 a 1982 passei por empresas de menor porte até ser contratado pela “Editora Guanabara Koogan”, do Rio de Janeiro, em 05/10/1982, como Gerente da Filial de Fortaleza/CE, sendo transferido depois para Porto Alegre/RS, para São Paulo/SP de novo até 05/01/1989 quando, finalmente, aposentei-me e regressei para Belô/MG.

Além desses empregos, dos diversos cursos profissionalizantes que fiz ao longo da minha carreira (Administração, Vendas, Relações Humanas, Organização e Métodos, Gerência Eficaz, Tomada de Decisões, Chefia e Liderança, etc.), das viagens de estudo e seminários administrativos que fiz a trabalho por quase todos os estados do país, adquiri muita flexibilidade e jogo de cintura, junto com minha família, a dileta esposa e os três filhos, o que nos ensejou grande desenvoltura para saber entrar e sair de qualquer situação.

Finalmente em maio de 2004, fiz um curso de “Informática para a Maturidade” no SENAC de Belo Horizonte/MG e, a partir daí, abandonei definitivamente a velha máquina de escrever, ingressando no mundo virtual. O certificado recebido ao término do aprendizado está também carinhosamente guardado comigo e posso dizer que, pelo menos, não morrerei como um analfabeto digital.

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B.Hte., 13/04/2013