Corinthians: Um Time, uma Nação ou uma Religião?

Tudo isto é Corinthians. Onde se reúnem doutores, homens simples, artistas, ou simplesmente “corinthianos mesmos”, como dizia o grande e saudoso presidente Vicente Mateus.

Porém, sem pretensão de ser escritor, vou me aventurar um pouco pela rica história do S. C. Corinthians Paulista que foi conquistar seu 1º Título Paulista em 1914 com este time que ficou na história do seu futebol: Sebastião, Casemiro Gonzáles e Fúlvio; Police, Bianco e Cesar Nunes; Aparício, Neco, Amilcar, Perez e Aristides.

No dia 15 de agosto de 1915, o Corinthians enfrentou o renomado time do Torino, da Itália, em jogo realizado no Parque Antárctica e, talvez, este tenha sido o primeiro amistoso internacional acontecido em São Paulo.

Enquanto no Brasil, o futebol era amador, na Itália os jogadores estavam num estágio bem mais elevado. O treinador do Torino naquela época, Vitório Pozzo, e que seria mais tarde bicampeão mundial com a Itália em 1934 e 1938, afirmou que de todos os times brasileiros que o Torino havia enfrentado o Corinthians era o mais forte. O Corinthians enfrentou o Torino por duas vezes nessa oportunidade. Na primeira partida vitória italiana por 3 x 0 e na segunda nova vitória do Torino, agora por 2 x 1. Mas o Corinthians mostrava ali o quanto seria grande no futuro.

Nessas duas partidas os dois quadros foram os mesmos. O Corinthians com Casemiro, Fúlvio e Casemiro Gonzáles; Police, Bianco e Cesar Nunes; Américo, Perez, Amilcar, Neco e Aparício. O Torino formou com Morando, Capra e Beckmam; Valosa, Petrili e Lovati; Mosso, Tomaseli, Orione II, Orione III e Debernardi. No 1º jogo o arbitro foi o Dr. Minolli e no 2º jogo, o Senhor Charles Müller foi o apitador.

O Corinthians é conhecido como o campeão do centenário. Muitos não sabem a que se refere essa denominação. Ganhou-a pelo fato do Corinthians ter vencido um Campeonato paulista histórico no ano do centenário da independência do Brasil, 1922. O Corinthians não deixou por menos e foi campeão paulista em 1922, 1923 e em 1924. Foi o 1º tricampeonato paulista do alvinegro do Parque São Jorge. Nessa época o Corinthians recebeu vários adjetivos: Blindado, Invencível, Esquadrão de Aço.

A equipe de 1922 formou assim, na partida contra o Palestra Itália, que daria o título ao alvinegro: Corinthians – Mario, Nando e Gano; Rafael, Amilcar e Gelindo; Perez, Neco, Gambarota, Tatu e Rodrigues. O Palestra Itália – Primo, Nigro e Gasperini; Italo, Picagli e Bertolini; Ministro, Forte, Heitor, Imparato e Martinelli. Essa partida aconteceu no parque Antárctica, com o senhor Sílvio Lagreca na arbitragem. O resultado foi 2 x 2 e a renda de 18 contos de réis.

Em 1923 com algumas modificações, o Corinthians ganhou o bicampeonato paulista. Corinthians – Colombo, Rafael e Del Debbio; Gelindo, Amilcar e Ciasca; Perez, Neco, Gambarota, Tatu e Rodrigues.

Em 1924, para consolidar o tricampeonato, o Corinthians tinha como base: Colombo, Grané e Del Debbio; Gelindo, Rueda e Rafael; Aparício, Neco, Gambarota, Tatu e Rodrigues.

Mas o Corinthians queria mais glórias e foi montando um novo esquadrão e chegou a um novo tricampeonato paulista em 1928, 1929 e 1930. Com pequenas variações o time foi este; Corinthians – Tufi, Grané e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Munhoz; Filó, Neco, Gambinha, Rato e De Maria. O técnico era o Senhor Vergílio Montarini.

Porém, o futebol brasileiro começou a chamar atenção dos europeus e a S. S. Lazio, de Roma, veio até São Paulo, na pessoa de seu presidente, e levou para a Itália meio time do Corinthians; Del Debbio, Filó, Rato, e De Maria, desmontando o alvinegro de Parque São Jorge. Mas a fibra alvinegra falou mais alto e continuou lutando bravamente. Mas teve de assistir ao Palestra Itália ser tricampeão paulista em 1932, 1933 e 1934, também com um grande time. Com pequenas variações o Palestra Itália formava com Aimoré, Carnera e Junqueira; Tunga, Dula e Tufi; Avelino, Gabardo, Romeu Pelicciari, Lara e Imparato.

Agora eu gostaria de contar o que o Corinthians me proporcionou. Corria o ano de 1942 e o Palmeiras, que não era mais o Palestra Itália, vinha liderando o campeonato paulista, sempre com o Corinthians no seu pé. Então, para a última rodada do campeonato, o Corinthians veio a Campinas se concentrar para a partida contra o Palmeiras. Na época o estádio Dr. Horácio da Costa, do E. C. Mogiana, foi o escolhido para os treinos do Corinthians. Lembro-me que era uma sexta feira e a Cia Mogiana de Estradas de Ferro, onde meu pai era torneiro mecânico nas oficinas da ferrovia, permitiu aos seus funcionários sair às 14:00 horas para poder assistir ao treino do Corinthians. Meu pai veio me buscar em casa, para eu também conhecer, ao vivo, os craques do alvinegro. Foi uma grande emoção para um garoto de 8 anos. Naquele dia eu vi Rato, Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Tite, Servílio, Milani, Eduardinho e Hércules. No time de aspirantes (o que seria como uma equipe reserva, hoje) jogaram Bino, Pelicciari e Gram Bell; Nélson, Sabiá e Joane; Gerônimo, Jesus, Teleco, Carlito e Carlinhos.

A partida de encerramento daquele campeonato paulista apresentou a vitória do Corinthians sobre o Palmeiras por 3 x 1. Porém o alviverde de Parque Antárctica foi o campeão por ter maior numero de pontos do que o Corinthians.

O Palmeiras, que por causa da Segunda Grande Guerra ganhou o 1º título sem ser Palestra Itália no dia 4 de outubro de 1942, no Pacaembú (inaugurado em 1940). O Corinthians jogou com: Rato, Dedão e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Gerônimo, Milani, Servílio, Eduardinho e Hércules. O Palmeiras de Oberdam, Junqueira e Beluomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Villadonica e Eduardo Lima. Rato era o técnico do Corinthians. Não o Rato goleiro, mas o José Casteli, grande meia esquerda da década de 1930. O técnico do Palmeiras era outro grande astro da mesma década de 30 do Corinthians: Armando Del Debbio que formou uma das maiores zagas do Corinthians de todos os tempos: Grané e Del Debbio.

Tudo é passado, mas se nós não pusermos no papel este passado glorioso do Corinthians pode virar poeira. Hoje eu paro por aqui mas prometo escrever mais sobre o Corinthians, campeão do centenário, enorme celeiro de craques.

Laércio
Enviado por Laércio em 13/04/2013
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