O USO REITERADO E O COSTUME

Interessante como a repetição pode gerar um costume, um habito, uma forma de pensar e pode ser até uma fonte para o nascimento de idiomas e leis. Muito forte isso, quem diria que nossa lingua portuguesa, o espanhol e o frances sao uma especie de latim modificado pela cultura e habitos locais. E várias leis de mesma forma sao o retrato da forma de agir e pensar de um epoca e sociedade. Eu confesso que por mais que não concorde com alguns hábitos de alguns povos e culturas sou da opinião que muitas vezes não cabe a nós julgar e dizer o que é certo ou errado porque não vivemos e não fazemos parte daquela realidade. Bom trazendo essa ideia mais para nossa realidade estava pensando em duas situações interessantes que ocorreram em minha vida. Ultimamente tenho almoçado em um pequeno e aconchegante restaurante perto de meu trabalho. O lugar tem uma comida realmente maravilhosa sem cobrar preços absurdos. Dá para comer bem pagando pouco. Ocorre que o proprietário do lugar, um senhor bem sorridente e bem humorado por sinal, sempre fica no fundo do restaurante pesando os pratos e cumprimentando os clientes. Mas antes de continuar com essa história quero contar uma outra que também acho interessante e acredito ter haver com a primeira. Ocorre que por volta do meu segundo ano de faculdade, em 2001, conheci uma menina através de um amigo que vinha de uma cidade vizinha da cidade onde eu morava. Nunca cheguei a ter nenhum laço de amizade mais profundo com essa quase conterrânea, mas às vezes nos encontrávamos no restaurante, dentro do campus ou em alguma festa da universidade. Eu sempre a cumprimentava e trocava algumas palavras com ela. Não sei o porquê essa moça me chamava de Pedro, e como eu não queria alongar muito a conversa não chegava a corrigi-la. Além do mais, meu pai se chama Pedro e eu acho que sentia até uma simpatia em ser chamado assim. Ocorre que depois de uns cinco anos, em 2007, na saída de uma peça de teatro eu estava conversando com um amigo e essa menina chegou me cumprimentou e se juntou a gente na conversa. Após uns minutos de papo, quando íamos nos despedir esse amigo disse meu nome. A moça fez uma cara de surpresa tão grande que parecia que ela tinha descoberto a pólvora. Depois me perguntou super sem graça. “_Por que você não me disse seu nome antes?”. Bom, voltando a primeira estória. A do senhor sorridente dono do restaurante perto do meu trabalho. O caso é que eu sempre almoço após às 13h, e toda vez que eu me sirvo e caminho para pesar a refeição o senhor me cumprimenta com um “_Bom dia”, soa tão espontâneo e verdadeiro que eu até acredito que é manhã e respondo com um “_Bom dia!!, tudo bem com o senhor?”. Realmente isso me incomodava, mas eu passei a pensar que não compensa dizer um boa tarde pra ele. Não teria o mínimo sentido. Aquilo já faz parte da pessoa. Acho que se aplica a máxima popular de que uma metirinha contadas varias vezes passa por ser verdade. E é por isso também que eu nunca disse para aquela garota que meu nome era Fabricio. Por mais que ela soubesse meu nome verdadeiro em seu subconsciente eu serei sempre Pedro. E para aquele senhor enquanto houver sol o seu cumprimento será sempre um bom e sonoro “-Bom dia!!”....rs!! Afinal de contas, quem sou eu para julgar e entender o parâmetro de dia para o senhor do restaurante.