O dia no sertão

O dia no sertão começa cedo

Às cinco da manhã, com orvalho ainda nas plantas

O vaqueiro observa o amanhecer

Coloca seu chapéu para proteger do sol

E sai para a ordenha das vacas

Lamenta a baixa produção, devido a seca, mas ergue a cabeça

Sai do estábulo, capina o capim que resta

Agoa o pasto com água barrenta, já quase no fim no açude

Dá de comer ao gado, para criar leite para o outro dia

Pega seu cavalo, sua carroça e seus barris

Vai ao distante rio e se carrega d´água

Volta, já quase noite a sua pequena propriedade

Toma um banho modesto, pra poupar o mais valioso bem no sertão

Senta em frente a sua casa, cadeira de balanço

Acende um cigarro de palha para relaxar do exaustivo dia

E se emociona com um por do sol único, limpo,

de uma natureza num interior que ainda respira

E deixa cair uma lágrima, que se mistura a muitas outras gotas

Que agora caem do céu copiosamente, como recompensa

Por ser valente, por não fraquejar

Cabra macho ele sabe que é, mas não consegue segurar o choro

Que lava sua alma, e enche de sonhos e esperanças

Seu espírito de sertanejo vencedor.

Chico Piancó Neto, 15/04/13