Fecilicano, (in) feliz ciano; O QUE É O ARTISTA MESMO?

Ontem, 15.04.2013, o pastor e deputado Marco Feliciano foi o entrevistado no programa do Ratinho, SBT. Dentre inúmeras coisas infundadas, afirmou ao entrevistador que, na verdade, não sabia a importância da Comissão de Direitos Humanos para que alguns poucos grupos, algumas poucas pessoas estivessem se manifestando nas ruas do Brasil para tirá-lo de lá; que não conseguia ver a presença de pais de famílias nas manifestações porque estes estavam trabalhando, em casa descansando, zelando pelas suas famílias enquanto alguns, somente alguns, poucos desocupados eram os responsáveis por atos inexpressivos contra ele.

Com todas as letras, afirmou ser os artistas, serem que apoiam o aborto, pessoas sem moral alguma que estavam puxando as discussões e proferindo discursos que a ele não diziam nada por serem pessoas de vida promíscuo, não terem estabilidade nas relações e nos relacionamentos, enfim, cidadãos sem qualquer caráter ou índole ou capaz de contribuir com a sociedade sobre ética, moral, cidadania, família, respeito ao outro, dignidade, igualdade social.

Isso tudo mexeu muito comigo, mexeu profundamente e deu a esse senhor, Marco Feliciano, a oportunidade de também dizer que estava firme e forte, apoiado pelo seu partido e cidadãos, uma grande massa, a permanecer frente a comissão, pela restauração das famílias brasileiras. Não iria renunciar porque o número de apoio é bem maior que as pessoas que vão as manifestações dos contra, que não passava de 5.000 (cinco mil pessoas), quanto num só momento ele consegue juntar 20.000 (vinte mil pessoas) em um só lugar.

Que tempos são esses que estamos vivendo? É essa realmente a "Liberdade de expressão" assegurada pela Constituição brasileira? Vai ao canal televisivo, programa popular e injeta na grande massa ideias como estas?

A impressão que fica é que esse cidadão realmente não sabe o que diz.

Não conhece a história de seu povo, além de generalizar pensamentos que ferem diretamente os direitos humanos, a Comissão que ele preside e não sabe o real valor desta para a sociedade... Pastor/deputado Marco Feliciano, a Comissão de Direitos Humanos serve, além de tantas outras coisas, para isso: Respeitar o ser humano na sua totalidade, e o artista é humano, deve ser respeitado na sua individualidade e no coletivo.

O senhor é desrespeitoso quando afirma ser esse cidadão pervertido, prevaricador, amorais, incapazes de defender os direitos humanos. Não reconhece que é na arte que está o refúgio de tantos benefícios encontrados por tantas pessoas no nosso imenso país? É o senhor, por acaso, desconhecedor do papel da arte na vida de tantos cidadãos? E quem está por trás de todo esse trabalho?

A classe artista brasileira merece respeito. O artista merece respeito. Não podemos deixar o Brasil retroceder na História, não podemos deixar o Brasil voltar ao tempo da Ditadura e passar por tudo que já passou e todos sabem, menos esse tal deputado. O artista tem participação, junto aos grupos de minorias do nosso país, na formação da Comissão dos direitos humanos... Muitos foram as ruas, defenderam, fizeram campanhas, proferiram discursos, elaboraram documentos, foram as assembleias... Essa comissão não surgiu do nada, da boa vontade dos governantes não, foram anos e anos de trabalhos: grupos de bases comunitárias, capoeira, grupos de mulheres, ONGs, CEBs, artistas negros, artistas sensíveis a causa de respeito as diversos, familiares de torturados pela ditadura, homens, jovens, estudantes, gays... Artistas: pessoas, cidadãos, humanos, indivíduo politizado, seres pensantes, formadores de opinião, intelectuais, sensíveis as causas da humanidade, pais de família, mães de família, filhos, netos, irmãos, parentes, operários da arte, visionários de mundos melhores e sociedades igualitárias, fraternas, libertadoras, dignas.... Feliciano, (in)feliz ciano... Não me sinto representado por você. Suas ideias me agridem, infringem meu direito de cidadão. Sinto vergonha de você, vergonha...

Artista não nasce de chocadeira, se constrói socialmente em grupos, comunidades, sociedade; vai à luta, trabalha, dá expediente e defende aquilo que acredita, não de forma infundada, mas ideias formadas em discussões, em fóruns, nas universidades, nas leituras dos movimentos, nas estéticas e a partir de pensadores que estão engajados nos momentos sociopolíticos culturais e políticos do mundo.

Artistas não são embriagados, como o senhor afirmou: arruaceiros, desligados... São cidadãos que merecem respeito porque atuam na sociedade com responsabilidade, pela dignidade humana, o que não é o caso do senhor com suas pregações infundadas e manipuladoras da opinião das massas evangelizadas nas suas igrejas.

(Marcus Vinicius - especilalista em Psicologia escolar e da aprendizagem)