QUANDO APENAS UM GRITO BASTARIA....

How does one raise a finger

To save a suicide.

– History.

È noite, pensas que vai ao teatro tranquilamente, lêdo engano, logro fúnebre. Sonhas com uma noite que talvez não venha, uma alternativa quaisquer, mas não podes. As pessoas te odeiam, não sabes o motivos, em vão tentas sorrir...

Caminhas ao meu lado, caminho comigo mesmo. Não há muito o que fazer, em algum lugar meu rosto se reflete em uma câmera, um olho na escuridão. Não consigo sorrir! Ainda posso tentar, mas não sei...

Em um átimo, pego o celular, um olhar (talvez de lascívia, talvez de esperança) lanço a tela. Disco. Ouço a voz, confirmo. Espero. A igreja talvez fosse salvação, as cruzes a mim não são nada mais do que sofrimento. Eu espero... chegas... chega!

Basta-me, um relance, um sorriso.

Todas as minhas incógnitas e um olhar estranho. Alguém disse certa feita que eu tinha um sorriso sardônico. Não sei como dizer, eu falo muito do que penso, pouco sobre sinto. Resigno a minha sina de escrever para ouvidos, ou olhos, que não prezam por minha existência.

Talvez pudesse se atribuir a Shakespeare alguns versos sobre a essência da alma: “Tudo no mundo se resume em uma noite, quanto mais prazer, mais ao longe se ecoa o sorriso da felicidade”. No entanto, se tu páras, eu morro. E no entanto, páras.

Mais uma vez fico eu com o mundo, a sonhar talvez com algumas possibilidades, vendo no vazio teu sorriso satisfeito. Tomo um banho, meus olhos ardem, como vampiro sigo meu caminho à luz do dia para casa, passo na padaria, queria comprar sonhos, mas me vendem pesadelos.

Nenhuma resposta.

Eu não sei o que esperar de ti, assim como não sei o que esperas de mim. Reclamas algo, mas não vejo o objeto. Sou objeto. Sinto-me abjeto. Excrescência de pudor e moral aniquilada a um amanhecer.

Leio coisas esparsas, no outono, com um calor de verão, viajo dentro de mim como se fosse inverno. Beatiful boy, stay for me!

Bovary deixa seu vestido para ser pisado por mim, talvez o veneno seja consolo. Suicídio? Não, solução. Eu vejo além do que deveria através de olhos baços, toda a catóptrica se dobra diante das inflexões das minhas idéias. A alergia desenvolve em mim um sinal, ardente, verdadeiro, que somente ao espelho de mim se revela. Tento me ler nas páginas que me caem nas mãos, não encontro nada a não ser a poeira que se desprende e não mais me seduz; toco um mundo que não existe: um universo vazio.

As batidas coordenam um ritmo deprimente, de lágrimas, suspiros, gemidos... ecos daquilo que um dia pode ter sido humano. Deveria tentar desvendar nas profundezas, daquilo que chamam coração, um mistério (uma mentira sobre uma meia-verdade), mas há pavor, fobia... solidão. Deve ser por isso que tenho tantas chaves que não abrem nenhuma porta. Não encontro solução, talvez não existe, de dentro deste meu labirinto, se eu tivesse voz, talvez um grito apenas bastasse...

Ev
Enviado por Ev em 25/03/2007
Código do texto: T424951