Ou passa o passe ou não passa a diante

Tentarei dormir, colocar cabeça no travesseiro, fechar os olhos e não se lembrar dos noticiários, da barbárie brasileira... Chega de pensar no caos instalado na sociedade ou nas sociedades por todo o Brasil. É somente mortes, assaltos, contrabando, roubalheira, desrespeito, ingratidão, subvida, humilhação e desgosto.

Ninguém pode mais adoecer. Doença no Brasil é sinônimo de humilhação. Faltam leitos, profissionais comprometidos, remédios, condição humana, material humano... Morre-se nos corredores dos hospitais; se morre nas calçadas, nas salas de emergência, jogados à deriva.

À deriva é a situação da educação sucateada, por mais que seja um dos direitos assegurados na Constituição de 1988. É só entrar nas redes sociais e perceber a onda de violência nas instituições de ensino espalhado por todo o Brasil: alunos enfrentam alunos, alunos enfrentam professore, profissionais da educação não se toleram e uma enxurrada de promessas não cumpridas, de políticas desassistidas que compromete a credibilidade daqueles envolvidos no processo.

No mesmo processo se ver a situação da cultura de massa que chega a casa dos brasileiros e toda onde de violência, desrespeito, falta de dignidade existente na contemporaneidade. A era, agora, é a era do erótico, do sensual, da exposição humana de forma mais carnificina possível: As músicas são apelativas, apelativamente estão na boca do cidadão de idades diferentes. Acompanhando as letras vêm os ritmos, os gestos, os estilos e os movimentos. Cada dança representa de forma denotativa a libido das letras das músicas e verdadeiras apologias aos corpos, ao erótico, a sensualidade e a sexualidade são feitas, praticadas e os pudores são rompidos; rompidos são todos os conceitos já não mais construídos porque a vida é rápida demais e de mais, nunca de menos é a quantidade de materiais jogados a cada dia nos meios de comunicação midiáticos e chegam rapidamente a ser disseminados no meio de classes formadas por crianças, adolescentes, jovens e adultos que não crescem, não tem opiniões formadas, não formam opinião.

Colocar a cabeça para descansar e dormir, esquecer o real por alguns segundos. Lembrar que a falta de qualidade, de filtrar informação provoca a banalização, o prazer fácil, a maturidade fabricada e daí tantas coisas que se pode perceber hoje: A música de massa torna a criança adulta antes do tempo, acelera o processo afetivo, desmitifica as descobertas pelo sexo fácil... Com o sexo vem a farra, as noitadas, o álcool, a criança adulta que quer, que ousa, ousando vai ao fumo, a droga, a vida fácil, ao que vemos hoje estampadas nas telas da teve.

A música de hoje, tocada nos rádios, nas novelas, nos programas de televisão é a grande responsável pela ética e moral social. O pensamento social é construído a partir dos conceitos, definições, normas citadas pelas músicas massificadas...

Dormir, fechar os olhos, como é feito pelos donos dos meios de comunicação de massa. Aqueles que dormem visualizando os lucros e haja saco par aturar as melecas televisivas de programas apelativos, desrespeitosos, vulneráveis, canastrões...e chega de jogo de culpa, de querer achar culpados, de colocar a culpa no outro e se colocar fora do processo social de construção social de ser sócio, parceiro, responsável por tudo que se é produzido nessa sociedade de cadente. A culpa é minha. A culpa é sua. A culpa é nossa. Aceitamos tudo passivamente e passivamente a vida vai nos consumindo, aos poucos, sem que percebamos...Quando nos comprometemos com esses sistemas falido, defasado de atuação política do Brasil... Agora somos reféns, porque o resultado de todo esse processo são os índices alarmantes de violência existente no nosso meio. Tentar dormir, penetrar no sono e sonhar, sonhar e sonhar. A partir do sonho, quem sabe, encontrar saída para, é para...