VOCÊ JÁ TRAIU HOJE?

Marcos parou na porta do apartamento do décimo oitavo andar, olhou para os lados,ninguém no corredor. Sentiu um frio correr-lhe a espinha, tudo estava silencioso, aquele feriado lhe trouxera paz para enfim, enfrentar o que se se aproximava ao girar a chave, abrir a porta e entrar na residência. Estava mudo, sentiu os olhos encherem d'água, girou a chave na fechadura, empurrou a maçaneta, sentiu o vento entrar pela fresta e voltar com o cheiro de casa fechada a muito tempo, caminhou até o sofá, deixo-se cair pesadamente, ficou por pouco tempo o silêncio era insurdecedor, apertou os ouvidos com as mãos, balançava a cabeça violentamente, levantou-se do sofá atravessou a sala e ligou o som que estava na estante, voltou e deixou-se cair novamente no sofá...bateu saudade, lembrei do tempo do tempo que a gente se amou, era verdade eu não percebi não dei valor.. a música entrou em sua mente, lembrou de tudo que fizera Graziella por ele, tudo que fizera pelo amor dos dois, quanto lutara para que não acabasse o casamento, as festas em familia, o dia do casamento, as noites de amor...eu estou sofrendo, o mesmo que você ou muito mais... lembrou de Graziella correndo após mais uma vez flagra-lo com outra mulher, levantou-se rapidamente da mesa do restaurante, tentou segura-la pelo braço antes que saisse, não deu tempo, ainda viu quando foi atropelada quando tentava atravessar a rua desesperada, havia desisitido de uma vez de Marcos, em seu colo, pode ouvi-la sussurrar eu te perdoo, e seu corpo tombar sem vida...eu não sei te esquecer, volta logo pra mim... Graziella não podia mais voltar pensou consigo, se sentiu culpado por tantos erros cometidos e pior, pela morte da única mulher que amara, uma semana que o apartamento estava fechado, uma semana que Graziella se fora, ... a solução pra nossa vida é a gente se acertar...o trecho da letra da música lhe dera uma idéia, levantou-se bruscamente, caminhou até a varanda do apartamento, abriu a porta de vidro, a musica continuava tocando...ainda gosto de você, eu não escondo de ninguem, ainda gosto de você, o seu amor me faz tão bem... chegou até o parapeito da varanda, subiu e equilibrou-se de pé, abriu os braços e se lançou no espaço.

Olhou para o alto, viu o céu azul, pensou ver o rosto de Graziella numa nuvem que encobria o sol, pensou que via uma lágrima correr pelo teu rosto.

Sobre a mesinha em frente ao sofa na sala, um bilhete dirigido ao pai, Marcos se lamentava:

- Perdão meu pai, só suportei cumprir a promessa que te fiz por uma semana!

Fato que ninguém jamais pensa quando trai, joga-se fora duas vidas.