O ANJO DA TERRA

Na maioria das vezes eu fujo dos rótulos, datas e/ou comemorações. Não gosto, para ser franco, embora quando participo de algumas delas, sinto prazer por fazer isto. Pode ser até um paradoxo, mas a vida, o ser humano, por si só, é paradoxal. Sim... Basta apenas nos lembrarmos de que para ele viver em paz, ele precisa, primeiro, fazer a guerra. Existe contradição maior do que esta?

De forma que, em alguns casos, das coisas que escrevo, aquelas que se faz necessário entrar na intimidade familiar e expor os sentimentos que nutro, como, por exemplo, pelos meus parentes mais próximos, eu evito falar.

É claro que, para toda regra, existe as exceções. E estas exceções se dão, invariavelmente, quando há, em mim, uma fragilidade maior daquilo que me faz refletir sobre o meu envolvimento emocional ou de passagens eternizadas pelas lembranças de tempos outrora.

Não é segredo para o meu rol de amizades que fui criado, adotivamente, por um tio legitimo e a sua esposa. E que os chamo de pai e mãe. É, na verdade, meus pais, pois foram os que me criaram e me deram às condições necessárias, para que eu, frequentando as instituições de ensino, pudesse me tornar um cidadão que, tenho certeza, eu sou.

Apesar de que, por muitos anos, esse fato pessoal se constituiu num emaranhado de dúvidas, questionamentos e, até, princípios de revoltas, eu, hoje, agradeço pelos pais que tive (e ainda os tenho – menos o meu tio que já mora na casa do Pai)) e que, na verdade, foram multiplicados, pois depois que aceitei o fato de ser um filho adotado, passei a perceber que, na verdade, eu era um filho privilegiado, pois ao invés de uma mãe – como a imensa maioria tem –, eu tenho, verdadeiramente, duas mães para cuidar de mim.

E não é só isto. Por muitos anos, eu tive, também, a presença de uma tia que, embora muitos desacreditassem de mim, ela sempre foi uma pessoa em que eu pude contar e confiar. E me ajudou muito, sendo sempre uma fiel escudeira quando era para me defender de alguma coisa que ela não admitia serem ditas contra a minha pessoa. E esse vínculo foi criado quando, num período conturbado da minha vida (justamente no momento em que descobri que não era filho “legítimo” da minha mãe, eu passei a agredir o mundo a minha volta) e passei a conviver mais diretamente com ela, morando em sua residência.

Apesar de nunca ter sido mãe biológica (casou com uma idade – na época – acima da possibilidade de gerar uma criança), ela cuidou de vários sobrinhos, dentre eles, a minha prima Jane. Acredito que ela, justamente, por não ter tido agraciada com a dádiva de gerar uma vida, ela se superou na arte de ser mãe, dedicando-se, em dobro, aqueles que, para ela, eram seus filhos adotivos.

Nesta semana em que se comemora o Dia das Mães, ter sido agraciado com tantas mães zelosas me faz uma pessoa profundamente agradecido pela vida que tenho e por ser tão amado por essas mulheres tão maravilhosas.

Por isso, paremos um instante, reflitamos, e agradeçamos a todas as essas mulheres maravilhosas de nossas vidas. E quando fizermos isto não agradeçamos somente aquela que nos gerou, mas, também, aquelas que deram, cada uma do seu jeito, um pouco de si para o nosso engrandecimento como pessoa e como cidadão.

Por fim, quero incluir, nesta lista de mulheres da minha vida, a minha cônjuge que, aliada aquelas que acreditaram, incentivaram e multiplicaram esforços, foi o porto seguro para todas as minhas neuras, fragilidades, batalhas profissionais e, principalmente, conquistas.

A todas elas, um feliz Dia das Mães!



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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 12/05/2013
Reeditado em 14/10/2020
Código do texto: T4286983
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