O Calcanhar de Aquiles

Aquiles foi um guerreiro grego que virou herói durante a guerra de Troia. Aquela beligerância que foi motivada por que Páris, o grande sedutor, pegou Helena, a mulher de Menelau, lembram-se disso? Não? Aconselho a lerem um livro de História ou a ouvirem a música “Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor” do grande Zé Ramalho. Então, este grande guerreiro, que foi educado pelo centauro Quiron, era praticamente imbatível, excetuando-se pelo seu calcanhar direito. E foi com uma flechada nesse calcanhar que o destemido soldado veio a falecer. O seu calcanhar era a sua única fragilidade. E como todos sabem, é daí que vem a expressão “Calcanhar de Aquiles” para designar o ponto fraco de alguém. E o “Kiko”? Vocês devem estar pensando neste momento. O “Kiko” eu tenho a ver com isso? Vocês se perguntam. Explicarei. Nesta crônica dissertarei sobre o meu “Calcanhar de Aquiles” no momento; que é exatamente o meu próprio calcanhar de Aquiles, precisamente o tendão de Aquiles, o tendão calcâneo do meu pé esquerdo. Esta é a minha grande fraqueza atualmente.

O danado do meu tendão, de uns anos pra cá, tem inflamado costumeiramente, deixando-me praticamente sem poder me locomover, e o pior de tudo, esta inflamação “DÓI PARA CARALHO!”. Desculpem-me os que não gostam de palavrão, me perdoem, mas não existiria uma expressão melhor para demonstrar a intensidade da dor que eu sinto, quando tenho que andar, do que: “DÓI PARA CARALHO!”. Só assim vocês verdadeiramente compreenderão o tamanho da minha dor. “DÓI PARA CARALHO!”, mesmo. E vejam vocês que é “DÓI PARA CARALHO!”; e não apenas dói pra caralho. Perceberam que é com tudo maiúsculo, entre aspas, ponto de exclamação no fim e com “Para” e não “pra”. “DÓI PARA CARALHO!”, deste jeito, é muita dor, uma dor monstruosa, uma dor “DO CARALHO!”; dói pra caralho, assim minúsculo, é uma grande dor, mas nada comparável à dor de “DÓI PARA CARALHO!”. Estou sofrendo.

Quando ando de chinelos de dedo por muito tempo o bendito tendão reclama. Começa com uma dorzinha, tipo um choque, normalmente pela manhã ao levantar da cama e encostar o pé, calcanhar, no chão. Depois a lesão vai evoluindo, aos poucos, chegando ao seu ápice com dor aguda, vermelhidão, inchaço, não só da região do tendão, mas do tornozelo todo, aumento da temperatura no local e perda da função. Enquanto estiver dolorido, caminho com muitíssima dificuldade. Provavelmente terei que operar esse digníssimo tecido fibroso, constituído de colágeno, que conecta o músculo ao osso. Talvez o uso de uma órtese na forma de uma palmilha ortopédica pudesse ajudar, no entanto, pela cronicidade da doença, penso que cairei na faca. O lado bom é que, por ser no meu pé esquerdo, tenho que me levantar, todo dia, obrigatoriamente, com o meu pé direito. Em compensação, não consigo ficar na ponta do pé, o que não me permitirá virar um bailarino clássico futuramente, quando me aposentar da odontologia. Minha carreira de dançarino fracassou antes mesmo de começar, hehehehe, tem que rir e fazer piada para não chorar. A minha vontade mesmo é de chorar, por que tá “DOENDO PARA CARALHO!”.