Assim, numa noite escura e chuvosa o “doutor”teve a infelicidade. Foi numa rua deserta e íngreme que um cidadão que o vulgo chama de “doutor”(-o termo anda tão avacalhado,ultimamente, que os flanelinhas e guardadores de autos nas ruas da Capital, já passaram a nominá-los de “excelencia”)teve furado o pneu de seu carro importado ao lado de vasto muro onde abrigava os chamados “loucos”(é lógico, à porta na proximidade de um manicômio)e, um deles,(maluco) mesmo com chuva torrencial, dessas habituais de Sampa, observa aquele homem já sem paletó e gravata,  tentava,já no silêncio da noite trocar um pneu de seu veículo, porém aquela noite não era lá muito favorável do sinesíforo(conforme se fala em Portugal,para designar condutor ).Nessa época os ladrões e assaltantes e ou "loucos" ainda estavam sendo "criados”e formados pelas respectivas “famílias” em mamadeiras para esse tresloucado mister.A época era boa para morar na Capital..(.Não havia esse descalabro social.) Foi o seguinte, depois de tirar o pneu com dificuldade e porcas do veículo estas rodaram rua abaixo pela enxurrada..Desapareceram no lodaçal e foram para o bueiro que aquela época “funcionavam” (?).Não havia entupimento,imaginem... O louco então quieto,em cima do muro, diante da dificuldade do “doutor” não ter uma porca das 5 para segurar o estepe- para ser colocado e seguir. Ai já desconfortável no muro e nessa absurda situação... entrou em cena, mesmo suportando o desconforto  e a chuva inclemente... com a paciência da sua própria curiosidade e loucura,o louco(o seu nome a ninguém interessa) é indiferente e “doutor”(também nome ignorado) que pega facilmente um resfriado e pode até se complicar... mas louco verdadeiro nada teria,nada sofre estava interessado na desgraça momentanea do infeliz... Por que ele louco estaria tarde da noite em cima de um alto muro, há necessidade de se perguntar à administração. Ambos vivendo encharcados numa cena inusitada...um ator e um espectador.
O louco toma iniciativa e diz do alto do muro: seu “doutor”(“excelência”ainda era fora de moda): “Por que o sr. não pega uma porca de cada roda do “carrão” e coloca no  lugar das que se foram na enxurrada?? 
Encharcado, desmoralizado, já sem forças, o “doutor” achou boa a idéia, mas- depois ao retirar o “macaco”e guardá-lo, ao mesmo tempo ficou pensando sobre o “ demente inteligente e piedoso”, que não perdeu um segundo nesse fato:(Afinal louco faz alguma coisa em manicômio?Talvez isso,ficar em cima do muro, seria uma simples distração ou passa-tempo?).A verdade que o louco estava em lugar errado... como muitos! O “doutor” já indignado pelo vexame e curioso  também estava em local errado.Aí perguntou= “Ah... você é mesmo um LOUCO? LOUCO CURIOSO E PALPITEIRO?”
O louco respondeu,de imediato: SIM, DOUTOR EU SOU LOUCO, MAS NÃO SOU BURRO!!
(do folclore nacional)
As minhas saudações ao “ doutores” (diferentes ramos e profissões) que cumprem com sacrifício seus misteres e honram suas categorias e classes, sem ambição de luxo e grandeza,não exploram a plebe ignara e aos dementes, loucos lúcidos ou não, alguns encarcerados por uma sociedade horrorosamente injusta,  individualista...e,sem sentido....Em tempo:agora teremos doutores cubanos?